CASA NO MATO
Casa no mato onde moram roceiros,
gente ocupada com as coisas de lá.
Gente amiga de poucas visitas,
gente que a gente só vê passar.
Lançam nas estradas suas léguas e somem,
onde vão ninguém sabe, vão longe e voltam.
Gente sumida, gente que a gente só vê.
quando nas vendas e no comercio se soltam.
Senhoras maduras homens de olhar rude,
moços curtidos pelo sol, fortes do trabalho,
moreninhas bonitas que riem atoinha,
e esticam as roupas quaradas no pé de carvalho.
Cães gordos e assutadiços dão logo o sinal,
a estranhos chegados na casa toda de branco.
galinhas patos perus e porcos no chiqueiro,
e numa varandinha miúda o arremedo de um banco.
por certo um café ralinho e uma prosa qualquer,
para romper logo, sem atrapalhar e despedir.
E se afastar vendo a casa cada vez mais longe,
sumir na paisagem verde como a gente dali.