Alma Sertaneja
ALMA SERTANEJA
(Paulo Teodoro Oliveira)
Que saudade dos verdores,
Da poeira dos tratores
Em tempo de plantação!
Das sementes espalhadas
Cobrindo a terra tombada,
Germinando o rico chão.
Da chuva torrencial
Que inundava o pantanal
De Mato Grosso do Sul,
Natureza preservada,
Realeza consagrada
Onde reina o Tuiuiú...
Sinto falta da alegria,
Da gostosa pescaria
Sob a luz dos vaga-lumes,
Do balé da piracema,
Naquelas águas serenas
Onde agitavam cardumes.
Aprendi com a saudade,
Que mais vale a liberdade
Em meu rancho tão querido,
Que o glamour desnecessário
De um capitalismo precário
Que massacra os desprovidos.
Nestes versos eu lamento
A floresta que aqui dentro
Do meu coração caipira,
Triste, perde sua vida...
Suas flores coloridas...
Seus encantos, suas liras!
O destino tão cruel!
Escondera o meu chapéu
Na ingratidão da saudade,
Arrancou da minha espora,
A estrela que enfeita agora
No turvo céu da cidade.
Deus! Minh’alma é sertaneja...
São os campos que ela adeja...
A cidade é um aclive,
Que não deseja escalar...
Deus! Permita-lhe voltar...
É da terra que ela vive!