Imagem de uma Cidade
Cidade do interior
Começa seu esplendor
Junto com a madrugada.
Uma semana antes da festa,
Ouve-se nas ruas a seresta
No romper da alvorada
Cidade do interior,
Bancos coreto e flor
No jardim lá na praça.
Onde o povo se irmana,
Todos os fins de semana
Numa mistura de raça
Cidade do interior,
Comércio do produtor
Gritando de porta em porta.
Na carroça passa o leiteiro,
E também o verdureiro
Com os produtos da horta
Cidade do interior,
A vida tem mais sabor
Em cada esquina da rua.
Pessoas falando das novidades
Que aconteceu na cidade
Nesta cidade que é sua
Cidade do interior
Que no sereno acolhe o cantor
Com seu violão umedecido.
Suas cordas vão se plangendo
A música acontecendo
Nas notas em sustenido
Cidade do interior
Procissão com seu andor
Foguetes espocando no céu.
Os homens enfileirados
Com suas mulheres de lado
E de baixo do braço, o chapéu.
Cidade do interior,
Os homens procuram o calor
No sol que na calçada se espalha.
Em círculos ficam agachados
Nas mãos o fumo picado
Fazendo o cigarro de palha
Cidade do interior
Crianças e professores
Na luta por um mundo novo.
Para o orgulho de sua terra
Juntos declaram guerra
Na alfabetização do seu povo
Cidade que conserva sua tradição
E na noite de São João
Transforma numa só família.
Sanfoneiro e marcador empolgados
Marcam para os comandados
Uma animada quadrilha
Velhos, moços e crianças se misturam
Num folguedo de alma pura
De simplicidade e vibração.
Se comparar com as grandes cidades
O São João no interior é na verdade
O carnaval do sertão
Povo que teme o relâmpago no céu,
Que ainda tira o chapéu
Em respeito a uma cruz.
E nas festas natalinas
Juntos suas violas afinam
Para cantar pra Jesus
Minha cidade modesta
Que vive sempre em festa
Em verdadeira harmonia.
Nesta integração sem recusa
São felizes porque ainda usam
Se cumprimentar com um bom dia.