CAATINGA
Na caatinga, um irmão,
No sol nascente a chorar:
Aqui não há compaixão.
Aqui é só trabalhar.
No cantil, um gole d´água.
Junto à rede, o seu facão.
Nas mãos, a ferida sara.
Também, sara o coração.
A mula que carregada,
Do sisal da plantação,
Traz, nos lombos, pela estrada.
Também um naco de pão.
Em meio à dor, a alegria.
Pois mais um filho nasceu.
Esperançar novo dia,
Ou sofrer ao lado teu.
Terra? Um pedaço de chão.
A força quase a minguar.
Mas, à noite, no sertão,
Nova esperança chegar.
Na caatinga um irmão,
No sol poente a louvar:
Tenho de Deus o perdão,
E forças prá trabalhar.
Moses Adam
Ferraz de Vasconcelos, 09 de julho de 2008