Vanglória
Dou-me meu espelho
Refletirá minha apoteose
Ouço os coros clamarem a mim
Saudai-me, o rei carmesim
Esta jactância em um todo
Vós que estais abaixo do solo que sustenta meus pés
O meu ego deve ser primário
E vossa oposição é um ato minoritário
Avassalar-vos-ei meus súditos fiéis
Se sui generis sou, então os céus são apenas meus domínios
Não intenteis nivelar o meu triunfo
Pois desde do Gênesis sois pedantes impuros
O trono é um lugar mui eremítico
Que sejais meus e vereis minha coroação
Tão audaz como a de Napoleão
De honrárias reberberam minhas mãos
Não arcanjo, porém sim Deus em nova concepção
A vaidade de riquezas inefáveis
Se sou melhor, não posso permitir conviver atado entres os inóquos
Admoestarei minha supremacia d'alma tão singular
Sede servos perante ascensão
Não me é de bom grado ser um deuteragonista
Assim só é-me cabível ser o guionista
Na Torre de Babel tentando comprimir a abóboda celeste
Eu sou o vosso salvador
Insubmissão? Não, apenas do meu destino aceitação
Sou aquele que imperará na minha eterna perfeição!
Eu triunfarei de forma exortada
Heis de rogar submissão acertada
Ó destino já não tua vontade se fará
Submete-se mediante a mim
Não mais reterás-me em seu elo como teu enclausurado
Reinvidicações hão de serem impostas ao teu fastuoso império
Egoísmo é a face da verdade
Transcendental em espirais de bazófia
D'ouro mais cortês abrumar o meu imo
Genuflecti em devoção, a um novo uno sacro jactanciado em usurpação
Tremendo colosso
Silhueta soberba de transgressão que se ostenta
Ó vangloria alce-me disto
divinando-se osso por osso
Eu não sou um de vós
E nunca hei de ser
Pois de todos minha grandeza é unânime
Orbitai egocenticamente a mim, o vosso Sol
Uma prepotência à todo pulmão a dizer
Eu sou eu, não o todo
Gabando-se da oitava cabeça
Por que hei perdido minha glória? Vanglória!
Morrereis por xulas mentiras
Que vos tem deixado em alienação
Por que molesto-me de vergonha? Desonra!
O desgraçado se vê exaltado
De coroas saqueadas e oxidadas
precedendo o autodeclínio
Humilhado será cujo não se mortificou
Pela falta de tua humildade
O desfecho é minha danação no lago que afundou Narciso de arrogância
Ó orgulho que me deu asas de Ícaro
E que pelo Sol morreu ruflando e sozinho
Pois não sou ninguém em desamparo
Se o meu intelecto tão notório, não obstante é apenas ghagiel
Nunca poderia ser o Rex Tremenae
Se sou constituído pelo pequeno virando o grande por tal sobranceira
E não pelo grande virando pequeno em modéstia
A fachada viu-se ruindo tão igual é o meu monumento hiperbólico
Quando a inferioridade que lhe magoara
Volveu-se em um tirano ressentido e débil de poderío
Nada tem-se júbilo em ser o mais honrado entre o firmamento e o pavimento
Se alma encontra-se só e vã é a glória
Quer tanto manter-se íntegro
Contudo por hybris é excomungado
De tua soberania é despida em tragédia
Que decaiu dos céus como estrela de luz, sem qualquer redenção
Minha luz tanto reluzira
Que pelo clarão cegara-me a retina
Com impotência revestida em arrogo
Ó vangloria atufe-me além da criação!!
Apenas intentando preservar o que é minha perspectiva e identidade
No assento do monarca altíssimo vê-se queda diabólica
E por meu indomável ego serei aplastado fastidiosamente ao chão....