Sacerdotisa de Safo

"Avalon estará sempre ali para todos os que puderem buscar o caminho, por todos os séculos e além dos séculos. Se não puderem encontrar o caminho de Avalon, isso talvez seja um sinal de que não está pronto pra isso." (Marion Zimmer Bradley)

“Não estou presa em uma ilha”, foi o que pensei antes de me imaginar escritora!

Mas a ilha prende e sufoca meus desejos!

Tento fugir dela, ir ao mar, molhar meus pés e suspirar. O vento, a brisa, o sol, as conchas, as ondas... Tudo me remete à minha ilha.

A ilha percorre meus pensamentos! Mas que ilha? A ilha onde me escondo? Aquela onde estavam minhas irmãs do passado? Ou onde mora minha Deusa e seus poemas?

Sonhei que estava em meu leito e que ela chegava com suas líricas em poemas! Mas era sonho! Eu estava acordada em busca de mim.

Pensei que, prisioneira em sua ilha, Safo não poderia visitar-me em sonho nem em sono. Mesmo negando, acredito sim nessa infinita possibilidade

Acontece que um dia eu estava triste, angustiada, sofrendo da dor de viver. Ela finalmente veio, sentou-se ao meu lado, sussurrou ao meu ouvido e disse: _acredite, eu estou a ti observar. Pegue a pena, molhe-a na tinta, deite-a no papel e deslize-a com o teu coração!

O momento é de confusão! Oh Safo! Vieste mesmo ver-me ou estou louca? Senti tuas liras, teus cabelos, teu perfume, mas não consigo fazer o que me pedes!

Nenhuma Musa achegou-se a mim! Sou um ser vazio! Musas não visitam os nulos! Não sou digna nem de Melpômene! A quem devo pedir ajuda, então?

Já é tarde. A ilha ainda me interroga e me persegue. Esqueço Safo por alguns instantes. As Musas não aparecem! Cansada, guardo meus objetos e alfarrábios, apago as luzes e vou dormir, pois amanhã tenho trabalho duro! Somente Morfeu, meu companheiro de cama, espera-me com afagos e silêncio! O vazio é constante e duradouro!