Ode aos Abobados
Ó vós, nobres abobados,
Que percorreis a vida sem rumo,
Como os lotófagos de Homero,
Na Odisséia imortal,
Presos à doce ilusão,
De uma existência sem dor.
Vós, eleitores incautos,
Que, na urna, depositais
Vossos sonhos e esperanças,
Mas escolheis sempre o mesmo,
O governante pré-histórico,
Que vos promete o impossível,
E vos entrega o comum.
Como os lotófagos antigos,
Que, ao provar o fruto encantado,
Esqueceram a pátria e o lar,
Vós vos entregais à servidão voluntária,
Acreditando em promessas vãs,
E perpetuando vossos próprios grilhões.
Não percebeis, ó abobados,
Que a verdadeira liberdade
Não reside em promessas douradas,
Mas na coragem de pensar,
De questionar o óbvio,
E desafiar o estabelecido.
Vossa cegueira é uma dádiva
Para os que vos governam,
Pois na vossa ignorância,
Encontram o poder,
E na vossa servidão,
A eternidade de seus tronos.
Ó abobados, despertem!
Não mais sigam o caminho
Dos lotófagos perdidos,
Que esquecem seu próprio ser
E se tornam sombras
De uma vida que não viveram.
Ergam-se das trevas da ilusão,
E rompam os grilhões da mente,
Para que, um dia, possam dizer
Que não foram meros abobados,
Mas sim, homens e mulheres
De espírito livre e coração valente.