Breve Sonho Lúcido (O Andarilho e a Lua II)

Ele seguiu em frente

Após as conversas cansadas, seus olhos já anestesiados começavam a cair

E a noite chegava, mas ele se negava

Se negava a dormir

Ele, ou ela (de que importa?), tinha medo da chuva

Daquele pesadelo breve em meio a tempestades

Das vozes gritando do fundo do mar

A chuva caiu e era o fim, simplesmente

Mas não aguentou

Seu olho caiu, um por vez

E logo ele também estava no chão

Na terra úmida, na grama molhada

E começou de novo a sentir a areia em seus pés

E se lembrou do que se tratava

Surpreendeu-se, pois nunca se lembrava

Até que a chuva caisse

Ela apareceu

Ele olhava pra água e a via

Tão sublime, se movendo com as ondas

Pálida e muda

Seu olhar dizia tudo o que precisava ser dito

E o andarilho se ajoelhou e foi abraçar as águas

Afundou

Se afogou

Não era ela

Era apenas seu reflexo

E ele chorou

E seu choro ficou mudo nas profundas águas

E suas lágrimas se perderam entre as salgadas águas deste lago

Emergiu, quase sem ar

Procurou respirar fundo e viver

Acordou, sem entender

Mas decidiu continuar

Para que um dia possa lhe ver

Para que um dia possa, não a ter

Mas se entregar a ela

A donzela, a Lua

Era o lunático, mais uma vez...