Ansieida
As crises e o pensar assaz ansioso
que de súbito surge num transtorno
e, generalizado, traz o choro
com voz aflita agora cantarei.
Ó Deusa, lubrifica minha fauce,
faz-me, cego em pavor, clarividente,
amansa a taquipneia e nessa mente
inquieta sopra a diva mansidão;
pois tolhes o Aquilão, que venta angústia,
Favônio suave trazes sem demora,
calmaste as intempéries de Vulturno
e desnublaras Noto, sem labor.
Essa ansiedade heroica, persistente,
sobrevém qual Aquiles, Mem, Eneias,
qual Odisseu, de múltiplas facetas,
que em pele de cordeiro vem e vai.
Traiu meu coração, que à Dido pulsa,
lanhou minh' alma outrora inulta e nua,
fez de seu calcanhar o meu do nada;
ela cegou-me os olhos por ninguém:
Áurea falsos fingiu na face os fados.