O Andarilho e a Lua
Oh, vento forte que cai por esta planície
Oh, chuva fina que molha esta grama
De longe, ele avista a cigana
E o mar e os escombros dos barcos
Navios que foram abandonados
Levados pelo tempo
E o tempo dele é curto
Pois a manhã é ligeira e chega quase sem avisar
Ele é noturno
Andarilho da noite
Sua bússola? As estrelas.
A Lua é seu norte, seu destino
Mas o céu matinal apagava os pequenos pontos do céu e a luz incomodava a vista
Na caverna mais próxima, o andarilho se encosta
E sobre as pedras descansa
Olhos fechados para o dia
E abertos para a noite
Coruja
O vento uiva e o andarilho levanta
As costas marcadas, machucadas
Pelas pedras que carrega, aprendizados e lembranças
Por onde o vento canta ele segue
Estrelas cantarolam e cirandam
As fadas dão espaço, abrem caminho
Pra ele, que anda sempre sozinho
A Lua dá sua voz antes do adeus
O homem se prepara pra aguentar
Mais uma semana sem sua musa
A Lua nova, então esconde o seu olhar
E mais uma semana se passa...
Suas pernas já cansadas de andar
Seus braços já cansados de doer
A Lua se acende outra vez
No céu vazio, escuro e sem estrelas
Ela é a única guia necessária
Seus pés nas aguas mornas pelos rios
Seu reflexo
Que quase puxa o andarilho ao fundo do lago
Mas ele sabe que ela nunca estará aqui embaixo
Ele precisa voar pro alto
Chegar a ela
E descansar...
Ele sonha em se tornar
O homem da Lua.