Brejo Grande III
Entre caminhões e carros
Nas estradas desse tempo
Ocorre-me a lembrança de você
Outrora minha infância
Ocorre-me segundos de tristezas
Minutos de angustias
Horas de incertezas
Dessa seca que lhe faz morrer
Busco em lágrimas revivê-la
Das varias vidas cansadas
Vejo a força da batalha
Quem o viu nascer
Já bebeu dos seus rios
Já nadou em suas cachoeiras
Quem o viu crescer
Pode de o seu peito matar a fome
Criar tuas vidas pequenas
Quem hoje te ver morrer
Luta para erguer suas esperanças
Fazer valer seus esforços
De onde vem minha infância
Se não do teu solo
O primeiro amor
Se não de tuas cajazeiras
Um tempo jamais esquecido
Que se faz eterno
E vive não só no passado
Mas, nos meus dias presentes
Já houve sorrisos na minha chegada
Cantigas na madrugada
O veto levará as brincadeiras
A poeira cobriu os beijos nos romance nas veredas da estrada na novena
A chuva retrata lágrimas na despedida
Amizades largadas para trás
A promessa de um breve retorno
As serras cobrem sua face
A cada descida a esperança de um reencontro
Os pássaros enfeitam meus olhos
O tempo que levo a pisar em teu solo
É o mesmo tempo que penso em ti
Confundem minha mente esses pensamentos
Que desesperado avança terrenos
Só para sentir de novo teu chão
Pisar as areias do teu corpo
E deitar-me a sombra do teu leito