Cura te ipsum*

“ Quem sabe direito o que uma pessoa é

antes sendo: julgamento é sempre defeituoso

porque o que a gente julga é o passado”.

Guimarães Rosa

Cresci num ambiente de incentivo à tolerância e entendimento das motivações alheias por influência de meu pai, maçom por quase cinqüenta anos. Em casa refletia-se e argumentava-se muito, mas julgava-se pouco. Adulta, casei com um livre pensador.

Julgar é tarefa sobrehumana: há que despojar-se dos conceitos pessoais para colocar-se no lugar do outro, considerando todas as experiências que o levaram a ser e agir de determinada maneira. Mais fácil é a aceitação ativa.

Desenvolver a tolerância e a empatia é um modo de não perder a esperança no outro e em nós mesmos. Evito, embora nem sempre com sucesso, emitir juízo. Tampouco aceito tipificação de quem não sabe de mim.

Se só se consegue mudar a si mesmo, é aí que devem se concentrar os esforços de correção de rota. É tarefa para uma vida. O sertão - escreveu G.Rosa - é dentro da gente.

* provérbio bíblico endereçado àqueles que, esquecidos das próprias falhas, se empenham em apontar as alheias.

Medice, cura te ipsum : médico, cura a ti próprio

Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 23/04/2008
Reeditado em 24/04/2008
Código do texto: T958892
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.