Sou Brasileiro
Sou aquele que ficou esquecido
Em suas lembranças
Nas ruas escuras
Nos sertões distantes
Sou a realidade que o país quer fantasiar
Entre seus carnavais
Copas do mundo
Ao som dos trios elétricos
Sou a canção morta
Sou a quem a chuva molha
Sem lagrimas a serem amparadas
Aquele que o frio consola
A quem a fome alimenta
Nos inúmeros dias
De minha insignificante existência
Estou em tudo em que sua cegueira não deixa ver
Sou a cara para o lado
O negar do pão
Vivo dos restos do seu lixo
Sou como sombras
Que vagam pelas cidades
Sem ponto fixo
Sem paixão
Sem sonhos
Sou a infância ceifada
O sorriso apagado no rosto
Sou só mais um entre vocês
Sou um brasileiro
O filho bastardo do nosso Brasil