Assassina

Assassina.

Na fuga desse mundo, vou ao banheiro. Fumar.

Olho para a parede como se nela se projetasse minha Quimera, talvez a última.

Um mosquito. Assassina. Queimei o pobre na brasa do meu cigarro. Mas ele continua vivo. Mais do que eu mesma.

Não, o zumbido é de outro, assassina, tento glpea-lo com meu sapato. Seu salto está quebrado, mas ainda deve ter alguma ultilidade.

Ouço meus ossos tremerem.

Quero chorar mas não vou. Por que meu cigarro queima tão rápido? Assassina, de mim mesma. Pronto, meu último trago.

Vou lavar meu rosto. O sabonete é de enxofre. Um pedacinho do inferno. Enxofre. Desse inferno que é este banheiro. Que é este mundo e o outro.

No espelho vejo o medo Dela por trás da maquilagem borrada.

Não quero Ela agora, mas ela insiste às vezes. Seu nome é Loucura.

Retoco a maquilagem e a sanidade. Ninguém vai notar o meu interior assim, então, visto a Sã fantasia e abro a porta que me leva de volta a essa, tão cinza, realidade.

Assassina de mim mesma...

A fuga, por hora, é abortada.

Doce Deleite
Enviado por Doce Deleite em 22/04/2008
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