28 DEGRAUS
Fechei os olhos e logo vi vindo
Nubívaga, caminhava levemente por elas
Eu torcia para que se apressasse
Pois meus olhos molhavam-se em saudades.
Mas quando suspendi minha pálpebras
E vi a desgraça e a desesperança
Vi o tédio e a deselegância
Como é pobre sem você o mundo real...
Então me segurei no meu peito, no irreal
E fitando-lhe os olhos beijei-lhe a boca
Sem perguntar se me era permitido
Mas seu sorriso posterior me livrou do crime!
Vê que hoje eu recolhi os meus desenhos
Velhos, antigos, e os colei no guarda-roupa
Eu gosto de ver o meu passado presente
E sentir saudades do nunca tido...
Nunca em real tive seu corpo
E naturalmente desejo tê-lo um dia
Mas não há prazer em corpo sem alma
Quero ser se por amá-la inteira.
Meus problemas amorosos e de pele
Meus problemas de postura, a frieza
E, em contrapartida, o sentimentalismo, a pieguice
São companheiros sempre necessários
Problemas não são defeitos...
Você pra mim é a beleza personificada
É a simpatia em moléculas orgânicas:
O perfeito é a curva, o aleatório.
(cabe mais um degrau pelo seu aniversário)