DAS BENÇÃOS QUE VÊM DOS CÉUS

Que Deus bondoso é este dos céus

Que nos proíbe de fazer justo o que nos agrada

Que gera deficiências inatas não se sabe pra quê:

Se para punir os pecados inexeqüíveis por um feto

Ou se para curá-las e, por vaidade,

Mostrar-nos seu poder.

Que justiça é esta da providência?

A que cria as leis e pune como quer?

A que Eleva o homem a quase nada

E torna nula a imensa validade da mulher?!

A que mata em nome de si.

Que Deus justo é este que não sai dos céus?

E nada faz de útil senão punir

E criar regras sem qualquer fundamento?

O que nomeia alguns como preferidos

Aos quais dá o poder de falar-lhe?

Não é Deus, a religião é obra humana.

Entretanto, o Deus continua inútil, iníquo.

Um ócio estratosférico de funcionário público!

O firmamento é o pior departamento

Da máquina estatal holo-espacial.

O céu (C.E.U.), Comitê Excluidor Unilateral (sic),

Onde os anjos – cargos de confiança

Gozadores de estabilidade por decreto-lei

Votado pelo parlamento cupular dos arcanjos –

Nada fazem senão enfeitar estantes.

Que Deus poderoso é este que me deixa impune

Se cometo a heresia de atentar contra ele?

deus tem imunidade parlamentar; é um velho,

E não mais possui pulso firme para agir

Assim tanto, que me deixa sair por aí...

Que Deus é este, o Senhor Das Chagas?

Quanto capricho teve em criar epidemias!

Gente que vomita sangue e sua frio

Ferve e por dentro cose em si o próprio sangue

Que não mais corre nas veias; dissolveram-se.

Deus do Ebola! Deus do Neoliberalismo!

Por que deste aos homens mentes tão ruins?!

Eu explico, Senhor: são sua Imagem e Semelhança.

Oh! deus da verdade nunca provada...

Que esconde o rosto e ainda Cobra confiança.

Diz-me, Meritíssimo, se és perfeito

Suponho que não erres e, portanto, não te arrependas.

Então, por que disseste se arrepender

Por criar-nos? deus-das-contradições

Louco sou eu aqui a discutir com o Vento.