Eu..Não..Amo!.....É..Tudo......Fingimento!!!

Isso mesmo. Não amo, é tudo fingimento. O poeta quando fala de amor não ama nada, nem coisa alguma. Pode até fazer o melhor e mais belo poema sobre amor. Não ama. Aquilo que está escrito não pode ser amor. Isso mesmo. Joguem fora todos os livros, os poemas, os escritores que te enganaram dizendo que era realmente amor o que estava nas palavras. Nem chegam ao menos a tocar no amor tamanha a distância em que se encontram dele. O poeta que quer colocar o amor em versos já é um fracassado presumido. Tem que ser muito ingênuo ou convencido para fazer tal tentativa. Por isso eu os previno, se falo de amor, aquilo que ouviram não pode ser amor. Não é. Como o amor consegue ser reduzido a meras palavras rimadas, a um "Eu te amo!" ? E pronto, se ama e fica por isso mesmo? Nunca. Se falo de amor é com fingimento - qualidade principal de todo poeta. E fingindo, tento dizer a verdade, dizer o que sinto e ser sincero. Agora cheguei ao ponto. É que nunca eu digo o que sinto. É-me humanamente impossível. Sei disso. Mas o que me resta é colocar as maiores mentirar propositalmente com o fim de se chegar a verdade que me escapa nas letras, bem no momento em que tento materializá-las e ordená-las para que outro possa entendê-la. Ao final, o que está escrito não era o que eu queria, minha mão é boba e não me obedece. Nada posso fazer. Só peço que se alguém cometer o erro de ler o que escrevo consiga desvendar o mistério que está aqui, decifrar o código que nem eu mesmo tenho conhecimento. O que fica então? Fica minha intenção codificada. O amor está ocultado sobre um véu diáfano de seda delicada. É possível saber que está ali. Mas o véu mesmo sendo fina camada transparente é superfície que separa dois mundos completamente iguais situados num mesmo universo. O véu é minha palavra e meu fingimento que escondem minha intenção. Eu sou um bicho-da-seda que teço o casulo de minha verdade para proteger a mim mesmo. Por detrás do ator há o artista,a arte - a poesia. O amor.