A humanidade e o nada
Nossa história nos conta fatos, situações, fantasias, surpresas, enfim, nossa história nos ensina e nos faz entender um pouco quem nós somos. Creio que o ensinamento mais verdadeiro e subjetivo que a história me ofereceu, foi que o homem tem medo, tem aversão ao nada. Em todas as épocas, em todos os lugares, em diversas situações, o homem temeu e teme o nada. Para os que não vêem saída diante da morte, a morte os acovarda, os assusta. Para os que não vêem saída nem razão para a existência, a própria vida o assusta, o acovarda. Nos escondemos por de trás de um ego, de uma posição social, de uma máscara, com medo de nós mesmos.
Nós tememos a escuridão. Não por ela representar o mal, o malígno, mas porque nós não sabemos o que se esconde dentro de seus braços translúcidos, nebulosos. Nós tememos o que desconhecemos, porque ali reside o nada. Nós odiamos o nada porque quando estamos com ele estamos sozinhos. Somos nós e nós mesmos, duas partes, duas pessoas em uma, confrontando-se mutuamente.
Para os que temem o nada, restam-lhes duas alternativas: Uma vida sofrida e cheia de angústia, ou a morte. O tempo machuca a pessoa solitária, logo é bem mais viável destroçar esse inimigo comum. Essa é uma das causas do suicídio. A pessoa termina o namoro, e se esse namorado(a) representava toda sua vida, não há mais razão para viver. Se a pessoa perde um parente muito querido e esse parente representava toda sua vida, novamente, não há mais razão para viver.
Nós somos assim, caça e caçador ao mesmo tempo. Somos loucos, incrédulos, falsos, somos tudo isso. Mas é muito mais fácil esconder todos esses defeitos de mim mesmo. É mais fácil eu manter uma vida superficial, sem valor, ao passo que os grandes valores morais e éticos como verdade, bondade, justiça, perdem o valor e esfarelam-se como uma rocha frágil. Tudo isso e mais muita coisa, juntos, fazem parte do ser humano, o SER. Eu sou, eu existo. É impossível negar a própria existência ou manter-se escondido por de trás dos muros da irracionalidade. Quando alguém faz isso, está indo de encontro com seu único fim certo: O Nada. Sim, mais uma vez o homem que tanto medo tem do nada, corre ao seu encontro. Para mim isso é uma grande ironia, que, poderia ser engraçada se eu não tivesse o senso humano, a noção humana e essencial de Verdade.
A Verdade existe, ela é, assim como nós somos. Nós não estamos, a Verdade também não está. Que essa mensagem fique como fruto de mera reflexão e que constitua na consciência de cada leitor o despertar para a vida, para a existência eminente. E me despeço aqui dos caros amigos do Recanto das Letras. O meu abraço e muito obrigado!