O amor muito machuca
Silêncio. Nada meus lábios expressam, nem mesmo um gemido.
Ainda assim ouço um grito, e tão agudo me surda.
Nada digo. Estou morta e sem fé.
Minha incredulidade me maltrata, me sufoca.É a alma que grita através do silêncio.
Quis cantar uma canção. Não pude.
Quis gritar, soltar a voz. Não consegui.
Restou-me uma culpa, um medo, uma sensação de estar sendo traída, e doeu, feriu com espada o peito que alegre transbordava de esperança. O amor muito machuca. Muito tortura a fé, muito humilha a esperança, muito desfaz dos sonhos.
O amor dói. E dói mais do que a morte, é uma maldita sorte, é um desfalecer estando vivo.
O amor judia, arrebata para si a ilusão e a transforma em desilusão.O amor humano é sujo, totalmente imperfeito, totalmente distorcido do amor original, ou seja, o amor de Deus.
Nesse momento senti inveja dos que andam na proteção de Deus, e me senti só, a maior solidão que já senti. Imaginar que talvez Deus teria virado as costas pra mim, angustiou minha alma, a feriu de morte, e chorei tanto que molhei a blusa com insumo da dor que senti.
Nesse momento senti que a vida não fazia sentido, senti-me inútil, e acredite nada dói tanto do que a dor do abandono, a crueldade da traição, que ainda achando pouco a dor que me causara trouxe consigo a solidão que me matava aos poucos.
O amor muito machuca, nunca cicatriza, nunca respeita o coração de quem ama.
Drama?
Não!
Amor.