Vida céu e inferno

Baseada num pensamento de Rubem Alves, filósofo e pedagogo.

Um grande pensador... Que se detinha nos pequenos detalhes que faziam toda a diferença.

Disse ele... Do inferno nunca tive medo. Talvez tenha sido essa a razão porque nunca consegui ser ortodoxo. Pois o inferno é base pela qual a teologia cristã se construiu — exceção feita aos místicos. A teologia cristã tradicional é um pião enorme que gira sobre essa aguda ponta de ferro chamada inferno. Mesmo quando se faz silêncio sobre ele, é ele que mantém o pião rodando: quem está encima do pião que roda não pode ver a ponta de ferro que torna possível seu giro. Sem essa ponta, o pião para de girar e cai... Pois Cristo não morreu na cruz para nos salvar do inferno, como reza a teologia ortodoxa? ...Inconscientemente nunca acreditei que Deus pudesse lançar uma alma no inferno por toda eternidade. É cruel demais! Eu não admitiria que um homem fizesse isso. Como poderia admitir que Deus o fizesse? E também nunca fui atraído pelas propaladas delícias do céu. Para dizer a verdade, não conheço nenhuma pessoa que esteja ansiosa por deixar as pequenas alegrias desta vida para gozar eternamente a felicidade celestial perfeita. As pessoas religiosas que conheço, cuidam bem da saúde, caminham, fazem hidroginástica, controlam o colesterol, a pressão e glicemia... Elas querem continuar por aqui. Não querem partir. Cecília Meireles, a mais mística das nossas poetas, também não se entusiasmava com a possibilidade de ir para os céus. E dizia:

Pergunto(...)

Se, depois que se navega,

A algum lugar, enfim, se chega...

-- O que será, talvez mais tarde.

Nem barcas nem gaivota:

Somente sobre-humanas companhias...

Mário Quintana, levíssimo poeta explicou a coisa com humor.

Um dia... pronto!... me acabo.

Pois seja o que tem de ser.

Morrer: que me importa?

O diabo é deixar de viver.

É assim que me sinto, continua o Rubem Alves Como a Cecília, eu amo barcas e gaivotas. Como o Mário Quintana, eu não quero deixar de viver. Sou um ser deste mundo.

Esta alegria de viver me faz encontrar Deus a passear pelo jardim ao vento fresco da tarde. Como eu, Deus prefere as delícias deste mundo material ás delícias espirituais do céu. É claro que se ele estivesse feliz no céu, não teria criado a terra. Pois Deus, segundo teólogos, em virtudes da sua perfeição, não pode criar o pior...

Textos transcritos no seu total. do livro SE EU PUDESSE VIVER minha VIDA novamente... RUBEM ALVES

Baseada nesse pensamento, que concordo inconscientemente também, pois ninguém é dono de verdade alguma... Apenas um pensamento reflexivo...

Acredito que Deus não criaria uma maravilha que é a vida terrena, para que a maioria ficasse passando todo tipo constrangimento... Para depois da morte, obter glórias eternas. Como pregam certas crenças religiosas.

E se Deus se preocupasse com o que fazemos aqui, não deixaria pessoas inocentes sofrerem e morrerem de maneiras mais absurdas possíveis.

Acredito num Deus bondoso, generoso. Mas não vingativo. Para que mereçamos a glória eterna.

Para mim é um pensamento contraditório preconceituoso discriminatório.

Onde alguns são beneficiados de tudo que existe de bom na terra por merecimento.

Enquanto outros são condenados ao sofrimento, para gozar só mais tarde por bondade Divina, a uma vida de glórias eternas.

Muitos sugestionados por crenças religiosas. São induzidos ao fanatismo.

Amo viver, e respirar esse ar delicioso, andar, sentir a natureza. Aproveitar bem todo momento da vida. Andar por caminhos livres, do pensar e do saber. Sem deixar que nada nos amordace -- Isso e muito mais -- É bem viver.

Assim como Deus criou esse mundo maravilhoso...

Gentilmente e generosamente, deverá nos ofertar com outras maravilhas além vida.

Presenteando-nos, com uma forma mais justa de seleção. Através da nossa boa convivência. Uma vida bem vivida. E em especial o amor.

Obs. Rubem Alves confessa também dignamente, que nunca foi muito bom gramaticalmente. Rs

Zaía Cruis
Enviado por Zaía Cruis em 28/03/2008
Código do texto: T920558
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