A luz do inferno

Não conseguir enxergar o caminho é péssimo, mas, saber que talvez você não faça parte deste é horrível. Hoje me sinto como uma palavra que esqueceram de colocar o acento.

Como que eu consigo ser capaz de ser tão incapaz?

Porque tenho a chance de não ter uma chance?

Onde esta minha sombra, quando sou uma sombra?

Porque hoje que somos depende de quanto ganhamos?

Porque me sinto um patinho feio?

Porque sempre insisto em ser o contraste?

Como se não bastasse, acerto-me uma estaca no peito, do tamanho de 1, 5, suficiente apenas para me machucar, mas não me matar.

Desde que vim ao mundo, sou um meio-termo:

Filha do meio,

De meia estatura

Meia-irmã

Meio-mãe, Meio-filha,

Meio-burra, Meio-estúpida,

Meio-loira, Meia boca.

Meio a decadência,

Meio-confusa e

Adoro dormir de meia

Ainda não contente, resolvo fazer o curso de comunicação, para que?

Para ser o meio.

Parece ser engraçado ou meio [...], mas não é.

Será que o melhor caminho é o caminho do meio?

Imagina você faz uma prova que vale 3,0 e você tira1, 5, onde há felicidade em ser meio-pobre em uma faculdade de burguês, e ainda ser meio burra em meio a essa sociedade. Para que? Para me tornar meio profissional? Se eu fosse o meu professor eu já teria me reprovado. Aquela nota foi um meio para me mostrar que posso não realizar uma sonho. Pior, me representou que sou apenas uma sonhadora, um pensamento entre a ação e a concretização.

Juliana deCiola
Enviado por Juliana deCiola em 28/03/2008
Reeditado em 28/03/2008
Código do texto: T920416
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