As diferenças das marchas
O tempo nos ensina tudo, até mesmo como levar a vida nas diversas etapas que temos de superar durante sua trajetória, ou seja o trajeto da infância à velhice. Às vezes comparo a minha com a marcha de um cavalo desde sua juventude, até a idade mais avançada. Na juventude o cavaleiro tem que segurar a rédea, para que o mustangue não saia em disparada provocando muitas vezes acidentes com bastantes seqüelas, mas na velhice é preciso usar de esporas para que o bom cavalo consiga num tremendo esforço avançar trincheiras. Na minha juventude tudo o que fazia era numa correria desenfreada, por isso muitas coisas não saiam a contento e provocava-me uma sensação de perda que muito me entristecia, pensando estar sempre no caminho errado. Agora, já bastante calejado pelos tombos provocados pela pressa, tudo o que vou fazer é analisado com uma paciência de invejar até mesmo os mais experientes monges tibetanos, antes da revolta contra o regime chinês.
Como podem ver, marchamos conforme a idade e não de acordo com a necessidade, isto porque ainda nos falta experiência nos afazeres da vida cotidiana. Mesmo marchando agora já com bastante lentidão, ainda espero poder deixar para traz um enorme caminho, talvez regado com uma pitada de bons exemplos para a minha já bem grande fileira de herdeiros, digo herdeiros de coisas imateriais, porque sólidas não consegui angariar quase nada.
Ainda quero marchar junto a meus netos a infância, a juventude e quem sabe um pouco da maturidade, sempre procurando mostrar-lhes os caminhos mais longos e menos acidentados, que temos de percorrer até conseguir uma experiência capaz de nos livrar dos buracos profundos dessa jornada, que não são poucos.
É impressionante como ainda me sinto sendo o mais viril de todos os garanhões, mesmo sabendo estar mais para um pangaré prestes a se aposentar. E como procuro nunca esquecer de todos aqueles que se dispõem de alguns minutos em minha página, despeço desejando um forte abraço a todos.