ESPELHO QUE ME INSPIRA...

Entre e o nada e o silêncio, espreita-me uma sombra,

um lugar de mim mesmo,

outra postura sem identidade.

Eu por aqui, num outro eu de mim,

me desdobro entre imagens retorcidas,

olhar que desemboca em urgência de carne já morta,

deslocada da existência.

Ausento-me de mim e tomo o lugar do meu ser,

atropelado pela insensibilidade da vida.

Alguém um dia, me chamou de poeta,

e para lhe fazer a vontade, dei-lhe razão.

Sou eu apenas neste espelho que me inspira,

onde nada mais reflete que uma suposição do amor.

A dor ficou aqui dentro como ferida,

mas acredita que pode se esconder dentro de mim,

como imagem de poeta.

Poeta...este sim!

É a única imagem que tem realidade,

entre o que pensa e sente.

Continua a sentir, poeta!!

Eu... já nem sinto mais!

MIRAH
Enviado por MIRAH em 20/03/2008
Código do texto: T908666