.eu já não cabia mais em mim.

Eu já não cabia mais em mim. Porque em mim já não cabia a enorme necessidade de ser amada, de ser querida. Essa protuberância transbordava de minha boca junto com minha ânsia. Doei-me tanto para os outros e pelos outros que não me restava sequer o sentimento de vazio, nem isso sequer me pertencia mais. A cada aceitação que recebia de alguém, eu a guardava como se guarda um presente que você gosta tanto que fica com dó de usar e o esconde no fundo de uma gaveta qualquer, e eu guardava todas as minhas aceitações para depois despeja-las ao meu redor e finalmente ser aceita por todos (ou imaginar que assim seria). Essa minha busca incessante por amor recíproco acabou por fazer de mim um ser que não é amado nem por ele próprio. Precisava tanto do amor dos outros que nem reparei que para isso eu precisaria primeiro do meu, teria que me amar primeiro que todos, e amar todos antes que me amassem. Mas como fazer isso sendo que usei todos meus agrados para agradar olhares alheios, que já não sabia mais o que me agradava ou deixava de me agradar? Já não sabia mais do que gostava e do que não gostava mais. Já não mais sabia como ser quem realmente sou.

Me perdi tentando ser quem todos queriam que eu fosse!

E agora como ser quem nunca fui e ao mesmo tempo nunca deixei de ser? Como me reencontrar sem me perder? Como se faz para renascer?

(textinho velho, de 29/out/2007.

mas aprendi bastante com ele.=])

Jéssica Valim Amâncio
Enviado por Jéssica Valim Amâncio em 15/03/2008
Reeditado em 15/03/2008
Código do texto: T902239
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.