Pontos de interrogação
Já dizia Robert Frost que o caminho que ele escolheu é o que menos pessoas trilharam.
Fiquei pensando o que significaria isso. Seria o caminho mais belo porque tem menos pegadas humanas? Seria o caminho mais difícil e que no final traria algum tipo de recompensa, uma conquista? E, se for mesmo assim, como saber que o caminho é realmente o mais difícil e que no final dele haverá uma flor da sua cor preferida?
Aí outras pessoas dizem que alguém que faz a cabeça girar e o mundo ter sentido vai aparecer pra ajudar a determinar que tipo de caminho é o que você escolheu, ou não escolheu, mas está decidindo ainda. Não precisa ser um amor. Pode ser um amigo, alguém da sua família, um vizinho, aquela pessoa que trabalha com você e de quem você sempre teve uma má impressão, mas que vai te surpreender. É nessa pessoa que você tem que confiar. É pra ela que os segredos, planos, raivas, medos e alegrias devem ser jogados. E é o conselho dela o melhor a seguir.
Mas e quando essa pessoa não aparece? Quando você já cansou de esperar? Quando sua vida não tem raiz, suas emoções não têm origem, seus pés não têm chão e seus pensamentos são bolhas de sabão que estouram antes de alguém colocar a mão? E quando tudo é um coração só? Apenas duas mãos? Nada mais que uma mente e delírios individuais?
O que acontece se esse momento não chegar? Se você se tornar cada vez mais frio, porque talvez tenha muito sentimento diferente pra distribuir pra inúmeras pessoas, mas ninguém vem receber? E se tudo for tão tardio e não der mais tempo?
O que você responde para as pessoas que te acham jovem demais pra um pensamento tão pedregoso, mas não levam em consideração que se você tiver 10 anos, então é assim há 10 anos? Se você tiver 20 anos, então é assim há 20 anos? 20 anos não é tempo? 20 anos é, às vezes, metade de uma vida ou uma vida inteira. É um casamento, uma sentença na prisão, uma espera.
Será que existe controle sobre as afinidades que começam e tão logo são cortadas? Quem corta? Por quê? Hà alguma razão de ser sempre assim?
Quando tudo o que você pensa não é dividido, quando essa pessoa salvadora não aparece, é possível viver no individualismo? Quando você não é capaz nem de chorar, é esse o ponto do qual estou falando. Quando alguma coisa te decepciona, mas você nem se incomoda em sentir a decepção, é tudo já cimento. Você não quebra, e também não parece que alguém vai te fazer esse favor.
Não é depender de alguém. É só querer saber como é depender.
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