Nossa Terra de Ninguém.

Nossa Terra, terra adorada que adormeçe ao som sorrateiro do Salgado e regada pelos ventos do Aracatí. Seus velhos brasões ainda estampados em seu peito revelam tamanha imponência, outrora princesa e hoje padecida por punhos carrascos que usa o flagelo para castigar o seu fértil dorso.

Terra que deixou no passado o seu orgulho patriótico e curvou-se por amor perante aos seus filhos profanos. O passado que a engrandece é o presente que a condena, a ressureição agora está nos olhos de poucos dos seus bons pastores que fielmente velam suas noites frias, o futuro é longíncuo ao horizonte dos de suas próles. Ao final do crepúsculo, em noites escuras, podemos ouvir os sussurros de uma velha mãe pedindo aos seus filhos que parem!

Mesmo com a esperança dizimada, procura o rosto dos seus guardiões e os encorajam com afagos e boas lembranças, o enfermo ressuscita diante do revolto e "urra" como fera brava ainda que agonizante.

Os dias se passam despercebidamente e se escoam pelo tempo, o sangue derramado pelo flagelo novamente fertiliza a terra que guarda a sete chaves a semente de um passado tão distante, os seus camponeses renovados de esperança as rega com lágrimas enquanto a chuva não vem. O carrasco adormeçe, passaros cantam em silêncio, o vento sopra devagar e o sol demora a nascer, falemos baixo para não acorda-lo, ainda é muito cedo para que acorde, o enfermo ainda se recupera das chagas abertas pelas torturas tão sofridas em um passado agora tão presente.

Amanheceu e podemos perceber que a força e a esperança estão nos passos lentos dado pelo enfermo hora desenganado, sua face plácida ainda descreve um sofrimento tortuoso, mas o seu olhar demonstra o orgulho e a coragem não abalada ou ferida pelo flagelo, seu rosto erguido pelos cuidados do seu povo traz tranquilidade causando euforia entre aqueles que tanto sonharam em tão sublime momento. Nossa terra de ninguém é de ninguém por soberania e a todos pertencida.