TENHAMOS CAUTELA...

Num espaço tão aberto como este, sem dúvida, corre o risco de surgir de tudo. Por um lado é bom; por outro, a coisa pode desandar sabe Deus para onde.

Tenho viajado muito por entre os trabalhos aqui publicados e, na média, a meu juízo, não estamos mal. Há, inclusive, obras de boa qualidade literária mesmo.

Entretanto, infelizmente, existe um monte de bobagens que pecam não só no aspecto da "Literariedade", mas no que é de essencial na arte: "esclarecer, alargar e valorizar a nossa experiência de mundo".

Parece que alguns partem da seguinte premissa: "como não há filtragem, então vale tudo". Não é bem assim, a própria consciência do sujeito há de ser o termômetro. Ora, o fazer arte é um processo consciente-crítico, logo, exige uma série de fatores dos quais não podemos prescindir.

Quem se lança neste caminho, precisa, sim, ler, ler e ler muito. Tem de entrar em contato com os chamados autores "canônicos", percorrer algumas pistas de "Teoria Literária", estudar Gramática e, é claro, ousar.

Eu sei que a chamada inspiração, a comunicação com os outros, a catarse, até uma espécie de lirismo piegas, fazem parte, por exemplo, do Poetar. Todavia, só isso não basta.

Aqui e ali me deparei com puros arroubos linguageiros que nada dizem. Numa perspectiva semiótica, vi um posando ao lado da estátua de Drummond, oculta isso, tentando produzir uma mensagem como se o fato fosse "materializado.Acolá um outro despeja escritos e mais escritos numa ânsia alucinada de, juro ignorar, ser lido ou aparecer.

Portanto, o espaço, repito, é para todos nós; mas, francamente, tenhamos cautela.