O Desrespeito à Memória Arquitetônica
Como em todas as grandes cidades brasileiras, o Recife está sofrendo uma intensa renovação arquitetônica. Contudo, na maioria das vezes, tal renovação não possui um aspecto saudável, pois é promovida por incorporadoras insensíveis ao valor cultural dos edifícios históricos. E o único critério (além das leis que nem sempre são seguidas) é a pesquisa e a localização do local que irá dar mais lucro às referidas empresas.
O intenso processo de verticalização da cidade está degradando o seu precioso patrimônio arquitetônico, digo o patrimônio recente, justamente aquelas edificações que ainda não foram tombadas pelos orgãos responsáveis e que, por conseguinte, ficam à mercê da ganância dos empresários da construção civil. Um exemplo gritante dessa situação é a destruição integral do Hotel Boa Viagem, um dos símbolos do bairro de mesmo nome e também do Recife. No seu lugar serão colocados dois arranha-céus de uso residêncial e multifamiliar.
O livro do professor universitário, escritor e arquiteto Luís Amorim: "Obituário Arquitetônico - Pernambuco Modernista" faz um cuidadoso levantamento dos edifícios que estão sendo (ou já foram) vítimas da insensatêz dos capitalistas que atuam na capital pernambucana. Até quando os orgãos públicos responsáveis e os legisladores deixarão de cumprir com as suas obrigações de proteger o contundente patrimônio arquitetônico moderno da cidade? Pois bem, deixo aqui minha indagação. No entanto, é bom enfatizar que quanto mais demorarem para tomarem as devidas providências menos edifícios eles poderão proteger.
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