DILUIÇÃO
Desfazer de si, fingir que não ouve, deixar de falar. Dizer a verdade e fugir.
Fugir pra onde? Impossível.
Não há “pré-paração”, ao diluir-se. É fechar os olhos e escoar-se.
Vôo noturno sem asas, sem ar, só vento e delírio.
O medo fica lá atrás, ele volta, claro, menos audacioso que de costume.
E quem vai medir o tempo? Se faltam dias, meses, semanas, horas, que diferença faz?
Diferenças tão gritantes as nossas, e se fazem imperceptíveis.
O ar também não vejo, porém sinto se o furtas.
Mas o prazer penetrante chega sempre, quando me rouba até a falha respiração.