Abismos

Atravessei dois grandes abismos...

O do mêdo que me assombrava,

E em noites escuras me seguia,

Querendo inibir minha fala, meu juízo,

Mas confortei-me mesmo no silêncio,

Acalmando meu mêdo, minha insegurança...

De todos os meus dias inconstantes, e de todas as minhas noites ausentes...

Venci pelo cansaço...

Pelo desejo de seguir de fato,

Para um lugar onde meu mundo já não era passado...

E dos temorres edifiquei meu próprio castelo...

Como se enfrenta uma batalha de peito aberto,

Meu coração valente tornou-se imperioso...

O outro abismo, foi a solidão...

Que me deixou sem solo, sem chão,

Mas uma grande luz invadiu-me como clarão,

Fortalecendo-me de novo...

Aliei-me ao desejo que não me saciava,

À fonte seca, que água não me dava...

Ao vazio descompassado que ímpeto me abraçava...

Mas não deixei que nada me derrubasse,

Pois de pé, e firme no caminho,

Venci o mêdo de estar sosinho,

Na certeza de que o coração é uma graça,

Que mesmo atormentada, nunca devemos perdê-la...