ÚNICOS
Penso nos hábitos.
Naquela parte de nós
que nos torna previsíveis.
Naquelas coisas de nada.
( Segundos correndo
para a hora de dormir,
como se o tempo
passasse cada vez mais rápido
no fim das noites...)
Penso no que mostramos.
Além das rotinas de mostrar
que nem sabemos ter.
As rotinas de esconder,
que não escondemos.
Os gestos traidores
do não escolhido,
traindo-nos em detalhes.
(A mão que se fecha
em arma predisposta.
Os dedos enfiados no cabelo,
num cansaço sedoso.
A testa na palma da mão,
folgando o dorso tenso.
A mão insegura,
que ainda segura
uma vaga caneta
de tempos antigos,
que não está mais presente.
Sobra o ato...)
Sobramos nós,
em assinaturas únicas,
como os nasceres de sol.
Diferentes, mas repetidos.
Indeléveis.
E únicos...
Fevereiro 2008