Revolução
O mundo que conhecemos, é como grande parte de tudo, uma estrutura bem organizada de verdades num processo ideológico que foi criado durante a revolução francesa e que o tempo só fez aprimorar. Liberdade, igualdade e fraternidade são lemas de todos os que querem chegar ao poder. Mas, não somos iguais. A liberdade não existe, e a fraternidade é fruto de uma utopia que nunca passou por esse mundo.
Vivemos num mundo em que estar num carro é mais importante do que ter caráter. Ter meia dúzia de belas acompanhantes e dinheiro para bancá-las, é mais digno do que sustentar uma família com honestidade. Somos fruto de uma sociedade em que ser honesto se tornou motivo de vergonha. Estamos tão presos a todo esse sistema, que passamos a acreditar que já não somos capazes de nada, só porque os nossos antecessores falharam.
Não precisamos pegar em armas para começar uma revolução, nem para manter o que já conseguimos. Pelo contrário, se fossem só armas os Estados Unidos da América não deveriam se preocupar com nada já que detém as maiores tecnologias nesse campo, no entanto, é uma das nações mais preocupadas com o perigo de guerra iminente contra vários inimigos em potencial. Devemos começar a acreditar que as grandes revoluções são feitas de grandes idéias. Que as armas matam, mas as idéias modificam as pessoas. É triste às vezes constatar que todas as nossas esperanças foram de certa forma atiradas no lixo, quando escolhemos um partido de esquerda na tentativa de mudanças, e aí temos a certeza de que toda esquerda só permanece enquanto não chega ao poder, já que todo poder corrompe.
Qual a prioridade do discurso da esquerda? É! Sorria, você acertou! São as classes menos favorecidas. Mas, por que a seca no nordeste não acaba, já que existe desde a época do império um projeto de irrigação para essa região? Simples, com o que fariam política se acabassem com essa mina, com essa “indústria da seca”? O fato não é que nossas respostas estejam erradas. Na verdade são nossas perguntas que não estão suprindo a necessidade do que almejamos. Somos tão reféns do conjunto estabelecido pelo sistema que mesmo lugares tidos como democráticos e formadores de mentes críticas, como é o caso das universidades, sofrem com a corrupção. È triste notar como mesmo num simples processo de escolha por “sorteio” para fiscal de aplicação de prova, o nepotismo nos estapeia com sua suave luva, e veste a máscara da razão como se fosse ele o detentor da mesma.
A democracia tomou forma e hoje atende pelo nome de capital. Os sonhos se tornaram utopias porque ninguém está disposto a lutar, a não ser que seja por interesse próprio. O que fizeram das teorias marxistas, ou dos ideais franceses? Eram só panos de fundo para se chegar ao poder. Pronto, conseguimos! Quanto ao povo, ele não muda por que não se organiza, e também não precisamos nos preocupar, até porque ele tem memória curta, curtíssima!
Impuseram-nos a idéia de que somos apenas o país do futebol e do carnaval. Onde as redes internacionais de prostituição têm suas vitrines para o aliciamento de mulheres a serem escravizadas no mercado negro internacional do tráfico sexual. E consideram que é o bastante para uma nação de terceiro mundo, que mesmo quando atinge auto-suficiência na produção de seu petróleo, não pode determinar a que preço vai vender por estar atrelada há acordos internacionais, que fixam o preço do mesmo. Devemos lembrar que somos compatriotas de homens que não se renderam a nenhum sistema: Antônio Conselheiro, Virgulino Cangaceiro e tantos outros. Somos tão brasileiros quanto aqueles que durante a ditadura militar foram exilados por não deixarem de pensar.
E é só o que precisamos aprender: a pensar! Pensar criticamente, de forma independente, saber que o conhecimento nos traz poder, e quando tivermos revolucionado nossa visão de mundo, teremos dado o primeiro passo para uma verdadeira revolução. "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." (Sartre). Nenhuma mudança é possível sem educação.