Que ainda eu possa...
Que ainda eu possa usar
Meu vestido de chita
Com laços amarelos,
Usar meu primeiro
sapato de salto,
Dançar de rosto coladinho,
Perambular pelas ruas
Enquanto todos dormem,
Onde só eu possa ouvir
Os sons da vida...
Que eu ainda possa sentir
O perfume das margaridas,
Colher morangos silvestres
E araçás bem amarelinhos
À beira da estrada de chão,
Ouvir o bailar das águas
Das cachoeiras nos verões,
Ver flores se abrindo
Nas tardes das montanhas...
Que eu ainda possa viver
Sonhos de amor e esperança,
Espalhar bons perfumes,
Continuar plantando sonhos,
E fazer meu coração
Tão grande, tão aconchegante,
Que todos vão querer um
Lugar dentro dele...
(Segunda de muita reflexão)