Meu Amor, a palavra

E quando escrevo me empresto, me esvazio.

Parte de mim vai junto com elas, letra por letra, a cada espaço eu me encontro.

Palavras às vezes saem forte demais, soam periculosamente doloridas e escondem em seus versos e arestas o significado que por tantas vezes quero passar.

Mas tolo eu, esqueço-me que já não passo de mera ferramenta, e meus delírios nem são mais meus.

Emprestei meu corpo, mas a literatura levou o todo, levou-me a alma.

Nesse subterfúgio arredio de escrituras, encontram se salgadas essas letras...mal amadas, derramadas com angustia e sem dó, pois foram expelidas com tanta mágoa que minhas mãos tornaram se olhos, e lacrimejaram meus sonetos...

Nem tudo, entretanto se fez de pão amassado, algumas delas queridas surpresas.

Houveram sim nobres momentos, em que se embalsamaram de Yasmim, e perfumaram meu pranto.

Essas letras que fazem de minha singela vida uma glória, algumas crivadas em sangue, outras paparicadas a sós, mas todas elas acompanham a instável beleza e a incansável luta de ser o que é.

L Nissola
Enviado por L Nissola em 11/02/2008
Reeditado em 12/02/2008
Código do texto: T855528
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