Escrita - A magia do tempo
“Escrever é poder viajar levando o mundo inteiro na bagagem”.
Jamais trilhei qualquer iniciação pelos instigantes caminhos da magia, mas, sem dúvidas, existe um pouco dela na escrita. Talvez, tal semelhança esteja propriamente atrelada ao mistério. Como pipocas crepitantes, as palavras despontam, sussurrantes, e seguem se delineando aos poucos, na medida que alcançam o sentido proposto, ou quem sabe até algo bem além disso.
Igual também ao que sugere a frase acima, de origem desconhecida, estampada na caneca diariamente utilizada por mim. Ademais, muito evocada para pagar tributo aos imprescindíveis autores durante celebração ao Dia do Escritor. Tudo isso porque o texto, entre outras coisas, esbanja capacidade de transpor barreiras físicas, levando o leitor a lugares desconhecidos, universos inóspitos dos quais não deseja regressar.
Todas essas ideias, no entanto, expressam apenas um pouco sobre a amplidão do ato de escrever. Dedos vorazes investem contra teclas estalantes para erigir sonhos, formam uma imprescindível conquista na vida de uma pessoa. Não é exagero caracterizar o uso da pena como uma atividade dotada de estranheza, capaz de despertar tanto fascínio quanto repulsa nos espectadores.
Aliás, o princípio da escrita, quase sempre, é centrado em uma despropositada idealização. Quando enfim a mensagem é transmitida, abracadabra: não há controle nenhum sobre o resultado. Sim, jamais fomos donos daquilo que escrevemos e os efeitos do texto são absolutos e heterogêneos.
Dizem que, quando os poderes são grandes, a responsabilidade se torna maior ainda. Esteja sempre pronto para algo sair de sua mente e se tornar maior do que já ideou ou não. O mundo das palavras, tão arcano, incógnito, também reserva iminentes perigos. E alguns não podem se dar ao luxo de fugir, pois esse é o único caminho que podem percorrer e, quem sabe, tentar chegar a algum lugar.