Os mistérios do mundo, mudanças e idealizações

Há muitas coisas que nós não sabemos. Há tanto mistério. Eu me pergunto sobre isso. Eu me pergunto por que cérebros anatomicamente iguais, sem nada que consigamos (ainda) detectar por exames, tem níveis diferentes do que chamamos “inteligência” - algo como a capacidade de abstrair e resolver problemas. Alguns conseguirão fazer cálculos matemáticos que entendem o universo, enquanto outros tem dificuldades para aprender as 4 operações matemáticas básicas. Pergunto-me por que algumas pessoas são mais sensíveis aos sons e desenvolvem mais facilmente habilidades musicais do que outras. Alguns corpos mais elásticos do que outros. Alguns mais empáticos, outros mais agressivos, ou mais calmos, ou ansiosos, etc.

Por quê? Não sei por quê. O fato é que temos corpos diferentes, sensibilidades diferentes, processamento de informações (do mundo) diferentes. Quão próximas, quão diferentes?

Bem, se chegamos aqui aonde chegamos, com viagem à Lua, internet, aviões, tratamento para AIDS, câncer, com casas, prédios, roupas, e máquinas para pegar ursinhos de pelúcia, é porque conseguimos ficar mais ou menos de acordo sobre certa realidade material e intervir sobre ela.

Ao mesmo tempo, como nós temos dificuldade em integrar nossos conhecimentos, em integrar mente-corpo-realidade. Repetimos como humanidade os mesmos erros, de novo e de novo. Quantos milhares de anos serão necessários para que nós, seres que se distinguem pela aprimorada linguagem, consigamos ao menos nomear nossos sentimentos? Para que possamos cuidar das nossas crianças com respeito, ofertando as necessidades básicas (físicas, emocionais) que um corpo humano precisa?

Falhamos coletivamente. Não totalmente (porque chegamos até aqui), mas muito. Não é sobre não ter raiva, não é sobre não se indignar. É sobre saber por que sentimos o que sentimos. Como nos tornamos quem nos tornamos. E sobre saber para onde queremos ir.

Em meu desenvolvimento pessoal e profissional, tenho compreendido cada vez mais a necessidade do conhecimento integrativo. Mas por todo lado há conflito e falta de diálogo. Dentro do meu campo de estudo (psicologia), há correntes cuja “rivalidade” é de longa data, tais como a psicanálise e os terapeutas cognitivo comportamentais. Se conversassem mais, quem sabe descobririam que às vezes estão falando das mesmas coisas, mas com nomes diferentes. Por vezes estão até fazendo intervenções semelhantes, mas com bases teóricas distintas.

Ambas têm aspectos importantes e significativos. Os conhecimentos não são excludentes. Como vão ser excludentes se o ser humano é o mesmo? Deixe-me explicar. Porque o ser humano tem muito de igual, apesar das diferenças. Vamos pensar que talvez dentro de um escopo de 100%, haja 99 de semelhança e 1% de diferença (ainda que esse 1% cause abismos tão grandes na convivência).

E por que estou falando sobre tudo isso? Porque estou cansada. Cansada de ver notícias tristes, imagens da violência extrema que vivemos aqui no Brasil e no mundo, e da miséria moral que temos vivenciado. Cansada de ter que aceitar que as coisas são como são, e que não poderiam ser melhores. Eu acredito que podem ser melhores. Que nós podemos ser melhores. Se quisermos.

Sobre mudanças, há coisas mais fáceis e outras mais difíceis de mudar. Talvez você não acredite em mudança. Talvez você se sinta bem com quem você é, e como o mundo está. Talvez você tenha valores diferentes dos meus (que idealizo um mundo com menos violência, e que todos possam ter o acesso mínimo às necessidades básicas de um ser humano). Se for o caso, não se incomode. É apenas a minha opinião.

[ironia modo on] e foi assim, apontando as falhas das coisas, que eu ganhei amizades, fama e popularidade [ironia modo off].