O Brasil não combate a pobreza, combate o pobre

_*LULA, ESTÁ MUDANDO ISSO*_

A Criminalização da Pobreza,: Uma Análise Multidisciplinar

A frase: "O Brasil não combate a pobreza; nosso país combate o pobre", evoca uma profunda reflexão, sobre como as estruturas sociais e econômicas, tratam não a condição de vulnerabilidade, mas sim os sujeitos que nela se encontram. Este fenômeno, pode ser analisado, através de múltiplas lentes teóricas.

Zygmunt Bauman, em sua obra "Vidas Desperdiçadas" (2005), desenvolve o conceito de "população redundante" – pessoas consideradas descartáveis na lógica do consumo. Segundo ele, "na sociedade de consumidores, não há lugar para os consumidores falhos, incompletos, imperfeitos" (BAUMAN, 2005, p.41). Essa perspectiva, ilumina como o sistema econômico brasileiro, frequentemente trata os pobres, como anomalias a serem corrigidas, não a pobreza como fenômeno estrutural.

John Maynard Keynes, embora predominantemente economista, oferece insights relevantes, através de sua visão sobre o papel do Estado. Keynes defendia que "o importante para o governo não é fazer coisas que os indivíduos já estão fazendo... mas fazer aquelas coisas que no momento não são feitas" (KEYNES, 1926). No contexto brasileiro, nos estados fascistas, neoliberais, (Minas, R.G. do Sul, Santa Catarina, Paraná e o centro oeste brasileiro, etc,) observa-se frequentemente, a ausência de políticas públicas estruturantes, substituídas por medidas paliativas ou, mesmo punitivas, aos economicamente marginalizados.

A Escola de Frankfurt, particularmente através de Theodor Adorno e Max Horkheimer, elaborou críticas à razão instrumental, que transforma pessoas em objetos. Em "Dialética do Esclarecimento" (1947), eles argumentam, que "o esclarecimento se relaciona com as coisas, assim como o ditador se relaciona com os homens" (ADORNO; HORKHEIMER, 1985, p.24). Esta racionalidade técnica, quando aplicada às políticas sociais de alguns estados brasileiros, cujos parlamentares votam contra a isenção de impostos fiscais para a cesta básica, votam contra que as pessoas que ganham até 5.000 reais, sejam isentas de imposto de renda, frequentemente reduz pessoas complexas, a estatísticas e "problemas", a serem solucionados.

John Kenneth Galbraith, em "A Economia das Fraudes Inocentes" (2004), desmascara a narrativa da meritocracia, ao afirmar que "a maior fraude é a crença de que o sucesso individual, é produto exclusivo do mérito individual" (GALBRAITH, 2004, p.45). Esta perspectiva, revela como a sociedade brasileira, frequentemente responsabiliza os indivíduos, por sua condição socioeconômica, ignorando fatores estruturais.

Milton Santos, geógrafo brasileiro , em "Por Uma Outra Globalização" (2000), observa que "a pobreza não é apenas uma categoria econômica, mas também política" (SANTOS, 2000, p.72). Sua análise territorial da desigualdade, demonstra como o espaço urbano brasileiro, é organizado para segregar e controlar, populações marginalizadas.

Finalmente, Sigmund Freud, em "O Mal-Estar na Civilização" (1930), oferece uma perspectiva psicanalítica relevante, ao discutir como "é sempre possível, unir um número considerável de pessoas no amor, contanto que restem outras, para manifestar agressão" (FREUD, 1996, p.118). Isto ilustra, como a hostilidade contra os pobres, pode funcionar como mecanismo de coesão, para outros grupos sociais.

A criminalização da pobreza no Brasil, manifesta-se em múltiplas dimensões:,na militarização das favelas, na precarização, por parte de governos estaduais fascistas, dos serviços públicos em áreas periféricas, na estigmatização midiática, e nas políticas de encarceramento em massa. Como observou criticamente Loïc Wacquant, ocorre uma "penalização da miséria", quando estados neoliberais. da União, trocam políticas sociais, por políticas penais.

O desafio ,permanece em transformar as estruturas que perpetuam a pobreza, não em controlar ou punir aqueles que nela se encontram. Como sociedade, precisamos questionar:, estamos realmente comprometidos com o fim da pobreza, ou, apenas com a gestão e o controle dos pobres?

Referências:

ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do Esclarecimento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.

BAUMAN, Z. Vidas Desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

FREUD, S. O Mal-Estar na Civilização. In: Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996.

GALBRAITH, J. K. A Economia das Fraudes Inocentes. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

KEYNES, J. M. O Fim do Laissez-Faire. Lisboa: Gradiva, 1926.

SANTOS, M. Por Uma Outra Globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000.

BARTHES
Enviado por BARTHES em 30/03/2025
Código do texto: T8297567
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