Fases da vida

A história é contínua. E não para. Nunca. Por mais que queiramos, por mais que tenhamos o desejo de que certas experiências de nossas histórias durem por toda a eternidade, isso é impossível, pois o tempo continua, a linha do tempo segue em frente, experiências seguidas de experiências é o que vivemos desde sempre e para sempre, até que cheguemos ao nosso grande ponto final. No entanto, essa consciência, apesar de presente em nossa mente, não o está em nosso coração. E quando digo isso é porque a compreensão racional da finitude nós temos, sabemos que a vida acaba e, a menos que você tenha nascido há cinco meses, você tem a certeza de que a morte é um fato. Só que não vivemos essa verdade. Se a vivêssemos não perderíamos tempo com bobagens, com companhias desagradáveis, insistindo em situações que nem mesmo nós aguentamos, mas que, em comparação com se arriscar à novidade, parece muito melhor. A vida não para. Continua. Até não poder continuar mais.

“Um dia a luz apaga, o palco silencia e a gente sai de cena. Um dia tudo vai passar... E antes que isso aconteça, antes que a plateia cale e o palco fique vazio, faça de sua vida um espetáculo único” (Layde Lopes)

O convite, então, é para que você viva de verdade. Afinal, tudo vai passar. De maneira que deixaremos a vida que vivermos. Muitas pessoas preocupam-se, até mesmo de forma ansiosa, com o próprio legado. Ficam questionadoras quanto a como se lembrarão delas quando forem apenas uma foto que comprovará suas existências. Só que não percebem que o tal legado nada mais é a forma como passamos por esse mundo. Aproveitamos? Dissemos sim à vida? Ou a evitamos? Fugimos da responsabilidade de criar a nossa própria história? Arrancamos aplausos genuínos, que aplaudiam nossa autenticidade? Ou será que não motivamos apenas aplausos educados em resposta à previsibilidade do que apresentamos? Não que tenhamos que nos preocupar com a plateia que nos assiste. A ela, nada devemos. Mas pense por um breve momento se fosse você que, além de protagonista na própria peça, fosse também um espectador atento. Terminaria de assistir e se sentiria emocionado? Animado? Surpreso? Inspirado? Nietzsche um dia trouxe uma ideia forte e poderosa. Se a vida que você vive se repetisse para sempre e para sempre isso lhe seria uma benção? Ou uma maldição? Pois é a vida que tem levado até aqui.

As cortinas se fecharão. E não sabemos muito bem quando esse fechar se dará. Ao contrário de uma peça de teatro que possui seu roteiro bem definido, a vida é imprevisível e recheada, sem reservas, de muitas reviravoltas, de maneira que não podemos ter certeza de nada, é até mesmo inútil tentar encontrá-la. Sabemos apenas que, mais cedo ou mais tarde, o ato final será dado. E, então, tudo acabará. Restará de nós a vida que vivemos. Seremos lembrados pela maneira como aqui estivemos. Que você tenha sabedoria para viver uma história que só você poderia escrever.

denis maximiano
Enviado por denis maximiano em 30/03/2025
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