UMA FORMA RACIONAL DE VER O MEDO
“Todos os homens têm medo.
Quem não tem medo não é normal;
isso nada tem a ver com a coragem”
(Jean-Paul Sartre)
No fundo da casa, certament’ele mora ... (todavia, escondido)
Mas quem discernir pode quando ouve suas vozes?
E vede o quanto a alma se angustia!
Por vezes sem razão, por outras vezes não
A voz do medo [de cada dia e de cad’hora]!
Quanto te perdes quando a alguma delas te atentas
Quanto te ganhas quando a alguma delas ... também te atentas
Paradoxal?
Decerto que sim (todavia, real e concreto)
E, destarte, faz-se necessário discernir, ... investigar
E, sobretudo, enxergar
(Separar o joio do trigo, como assim dizia o Divino Mestre)
Acreditar cegamente em tais vozes ...
... e a elas s'entregar?
Insensatez, naturalmente
Temê-las a ponto de atar sua vida
Outro inegável erro
Vozes que trazemos conosco
É fato
E as ouviremos sempre
Sim, durante toda a jornada dest’exílio
Dizei-me a que ouvis, então, agora
E eu te direi se vale a pena dá-la atenção (ou não)
Já que para quem está fora, na maior parte das vezes, ouve-se melhor
Você não tem que ter ... medo (só medo)
Mas você não tem que ... “não ter” medo
Uma contradição?
Claro que não!
Você não tem que ter medo ... sempre, ... sempre, ... sempre
Você não tem que não ter medo ... nunca, ... nunca, ... nunca
E então:
Ter medo ... ou ... não ter?
Eis a questão!
Não é necessário ter medo (o tempo todo)
Embora seja necessário ter [medo] sim ... (às vezes)
Medo!
Mas o que é o “medo”?
E medo do quê?
O medo pode ser ... um aliado?
Decerto que sim ... (um grande "camarada")
Assim como o medo pode ser ... um impiedoso inimigo
... (ou mesmo um "cara sacana")?
Sem dúvida
Ah! Como se faz necessário conhecer nossos medos!
Medo, ... medo, ... medo!
Todo mundo tem ... [medo]
Não há quem não tenha
E como seria uma vida sem medo algum?
Alguém pode imaginar?
A verdade é que todo mundo tem medo, sim
Ninguém pode negar
E por que negar?
Por orgulho?
Que bobagem!
Todo mundo tem medo
Trono a dizer:
A criança tem ...
O adolescente tem ...
O adulto (a pessoa madura) tem ...
O ancião tem ...
Enfim ...
Todo mundo tem ... [medo]
Medo!
E então!
O meu medo d’hoje é o mesmo d’ontem?
Seguramente que não
Mas, o que aconteceu com meus medos da infância?
E par’onde foram os medos d’adolescência?
Fugiram de mim ou eu os expulsei?
Talvez, nem um nem outro
O medo também tem uma vida
E, como toda vida, aqueles medos d’outrora ... morreram
Do que você está com medo ... agora?
Que tal fazer para si esta pergunta
Tal temor vale a su'angústia, ... a sua perturbação?
Ou não passa d'um fantasma criado por sua própria mente?
Por que "valorizamos" em tal grau nossos medos?
É verdade:
A mente é uma máquina de fabricar medos
Principalmente a "imaginação"
A se concluir que nossos medos são, na maioria das vezes
... mais "mentais" do que "reais"
Mais abstratos ... do que concretos
E diante dos nefastos medos, o que fazer?
Deixar qu’eles morram [naturalmente]?
Mas, e se eles se recusarem a morrer?
Matá-los, ora pois ...
Ao que deve assim ... ser feito
Porém, como?
A inteligência é um’arma poderosa
Ao que soment’ela poderá matá-los
Contudo, fica um conselho:
Não "converse" com seus medos ["malignos"]
Jamais
Eles são poderosos e muito convincentes
E nós somos frágeis (quando nos falta a luz interior)
Todavia, observe-os [sempre] ... seus movimentos
Apenas isto
Quanto aos medos “amigos”, levemo-los sempre ... conosco
Precisamos deles ...
29 de março de 2025
IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR