OLHAI OS LÍRIOS

Na ânsia de querer sempre mais,

o homem trás angústias presa na alma,

horas viram moedas, dias são dívidas,

e o amanhã, um rio de incertezas.

Mas os lírios, sem voz, surgem no asfalto,

vestem-se de pompas incomparáveis,

bebem a chuva que ninguém controla,

e dobram-se ao vento, mas não quebram.

Por que guardas sonhos em gavetas vazias?

Por que trocas a lua por vãns preocupações?

Até os pássaros, migrantes dos sosticios,

sabem que a terra alimentos lhes provém.

Olhai os lírios! Eles não acumulam

nem seguem a rastros do "talvez".

Suas pétalas são cartas respondidas

escritas por uma mão que não vacila.

Na trama do mundo, quão corrida e agitada,

eles florescem como breves profecias:

"O que é do céu, o céu sustenta.

O resto são grilhões que vós mesmos forjais."

Descalça a alma e ouve o silêncio,

que nasce entre as ondas e o concreto.

Há um verso antigo nos caules frágeis:

A VIDA É MAIS , E SEMPRE SERÁ.

Inspirado na Bíblia: Lucas 12- 27/31