Viajo muito também a trabalho, volta e meia me deparo com paisagens que se estendem preguiçosamente e bem distantes da interferência humana - nelas - o tempo dorme - mas poeticamente - tudo está vivo!

 

Os ponteiros desaparecem do relógio e quase sinto o cheiro bom do café.

 

Os desgastes das paredes rangem memórias, agora tranquilas, e parecem querer voar todos os rebocos, respiram rubros os poros dos tijolos - suas costelas. É uma casa livre, e nela tudo recomeça. Diante dela, o descanso que estanca urgências e banalidades. Janelas vigilantes, operárias sob pálpebras tranquilas.

 

Não há mais hóspedes cortantes batendo portas, agressores de suas estruturas ao maçante som dos lamentos contrafeitos, espíritos imaturos e murchos - mas apenas o vento às ondas suaves da poeira. Outonada, matura a própria vida, hábil construtora da primavera.

 

É uma casa com suspiro envelhecido em sabedoria e sossego, feliz ao estar distante da tolice imensa do mundo em batalhas na sandice semeadora de desertos.

 

Em devaneio - talvez - uma casa que revigora quintais.

Idealista na contramão do mundo que troveja a violência.

 

 

Até breve!

Sociofóbica
Enviado por Sociofóbica em 22/03/2025
Reeditado em 22/03/2025
Código do texto: T8291440
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