Viajo muito também a trabalho, volta e meia me deparo com paisagens que se estendem preguiçosamente e bem distantes da interferência humana - nelas - o tempo dorme - mas poeticamente - tudo está vivo!
Os ponteiros desaparecem do relógio e quase sinto o cheiro bom do café.
Os desgastes das paredes rangem memórias, agora tranquilas, e parecem querer voar todos os rebocos, respiram rubros os poros dos tijolos - suas costelas. É uma casa livre, e nela tudo recomeça. Diante dela, o descanso que estanca urgências e banalidades. Janelas vigilantes, operárias sob pálpebras tranquilas.
Não há mais hóspedes cortantes batendo portas, agressores de suas estruturas ao maçante som dos lamentos contrafeitos, espíritos imaturos e murchos - mas apenas o vento às ondas suaves da poeira. Outonada, matura a própria vida, hábil construtora da primavera.
É uma casa com suspiro envelhecido em sabedoria e sossego, feliz ao estar distante da tolice imensa do mundo em batalhas na sandice semeadora de desertos.
Em devaneio - talvez - uma casa que revigora quintais.
Idealista na contramão do mundo que troveja a violência.
Até breve!