Descartando as Sombras

Das sombras surgem os gritos atrevidos.

Não houve a verdade lá, onde pensei que houvesse.

Não há falsidade aqui, onde pensaram que houvesse.

O que acreditei ou o que confiei como pura transparência,

mostra-se absurdamente imaginário. Figuras imaginárias.

Pluralidade de tomadas. Diferentes focos. Infinidades de

vozes em tons desafinados. No meu espanto não encontro

o ponto inicial. Talvez porque era para ficar oculto mesmo.

Mira certeira desnorteando-me? O que houve com a limpidez

que de repente turvou-se? Lavaram as mãos para não ficar vestígios.

Mas o que era límpido tornou-se um consistente barro que vai

endurecendo conforme o tempo passa e os sussurros discorrem.

Temas imaginários. Fatos avessos. Fotos sem digitais.

Privacidade devassada com injúrias. Quando se usa um estilingue,

escolhe a pedra, contorna o foco, acredita ser um Davi. Ironia do reverso. O que era pedra torna-se pó no único arremesso. E o vento vem e esparrama a poeira que arde os olhos. Sufoca a respiração. E a chuva cai e condensa tudo em barro. Mas lá do barro ressurgem e tentam ocupar a parada do sucesso. Mas a banda não passou. A orquestra não tocou. A valsa não começou. O sucesso não vingou. Sem apreço e sem adereço, o teatro ruiu e a máscara caiu.

Não quero saber do desfecho.

Não comprei esse roteiro.