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O QUE VOCÊ TEM VONTADE DE FAZER ... AGORA?

 

                   “A minha vontade é forte, mas a minha disposição

                          em lhe obedecer é fraca”

                                        (Carlos Drummond de Andrade)

 

      O que você tem vontade de fazer ... agora?

      É “possível”?

      Se não é impossível, por que ficar apenas ... “na vontade”?

      O que te impede de fazer: falta de tempo, de dinheiro ... ou, então, o quê?

      Qual a sua justificativa?

      Qual a sua "desculpa"?

      A de sempre?

      Ou seria por apatia ou preguiça mesmo?

      Ou, quem sabe, por medo ... de não se arriscar?

      Covarde! ...

 

Por que na maioria das vezes te protelas ... em ser feliz?

Por que "o melhor" deve ficar sempre ... para o dia d’amanhã?

Já se deu por conta que n’um devido dia não haverá ... um outro?

Já se despertou pelo saber que um determinado amanhã não s’haverá?

No entanto, estás sempre a crer que tal dia nunca irá chegar!

 

   Vontades ... na História da humanidade!

   Houve um tempo em que a vontade foi, deveras, quieta e silente?

   Só se quando ausent’estava ... das humanas relações

   D’alma d’outrora a que tão vazia s’encontrava

   Enquanto su’essência nela nada s’havia

   Na escuridão ou, melhor se diria, na transparência de imagens

   A qu’então era

 

              Vontades ... (vivas)!

              E delas ... :

              Quantos crimes!

              Quantos roubos!

              Quantas fraudes!

              Quantas guerras!

              Quantos homicídios!

              Quantas calúnias!

              Quantas injustiças!

              Contudo, a vontade não foi sempr'escura ...

 

   "Fiat voluntas tua ..."

   "Seja feita a vossa vontade ..."

   Quem pode assim o dizer (em espírito e verdade)?

   E quem a pode fazer [sempre] ... co’alegria?

 

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O que é a vida [aqui]?

Viver é estar em relação (que nem sempre é fácil)

N’um mundo a se construir por cegas ou narcotizadas almas

(Ou cujos olhos ainda estão por abrir)

E umas contr’outras se trombando ... (ou se digladiando, às vezes)

Presas a qu’estão entre as muralhas d’um tempo (nem tanto amado)

... a sê-lo, em verdade, um “místico palco ou cenário”

Da vida a s’escrever em dinâmicos e alternados atos

Entre tragédias e comédias

Entre fugidias alegrias e perturbadoras tristezas

E que diante à eternidade fulguram como brevíssimos relâmpagos

 

            Arde a Terra (desd’aurora dos tempos)

            E no tempo todo seguindo (sem parar)

            Às vezes tropeçando, ... por muitas vezes caindo

            Quiçá por estar [ainda] ... saindo de seu engatinhar

            Mas sempre se erguendo

            A vida é, sem dúvida, o caminho para o calvário

 

E do qu’ela é construída que não seja d’entendimentos e vontades?

Que igualmente estão se fazendo e se tecendo (no espaço e no tempo)

Já qu’ela – a vida – não é isolada dessas duas potências

 

     Entendimento ... e ... vontade!

     E então, qual a sua vontade nest’instante?

     O que está [neste instante] com vontade ... de fazer?

     Estaria iluminada com a luz d’um justo entendimento?

     Ou teu entendimento é nest’hora ... cego (ou turvado)?

 

         Contemplo o mundo (ou imagino-o) a tod'hora

         O caótico espaço das grandes metrópoles em que [nele] estou (estamos todos)

         Vontades que gritam e berram ... o tempo inteiro

         Em todos os espaços

         E se "a boca fala do qu'esá cheio o coração",

         eis o qu'está na alma de todos,

         e vede o qu'está no mundo inteiro:

         Ausência de silêncio, ... agitação, ... tumulto, ... confusão ...

         Uma verdadeira zona!

         A mais parecer um barulhento mercado ... 

         (Oh! E não é?)

         Ou o inferno confuso e desordeiro da gritaria a que se tem

         ... nos pregões das bolsas de valores

         Um verdadeiro hospício de surtadas almas

 

    O mundo das almas ... ainda em evolução

    Almas!?

    De que são feitas que não d’entendimentos e vontades?

 

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E outra vez eu pergunto a quem comigo ao meu lado caminha:

Qual a sua vontade agora?

O que gostaria de fazer neste momento?

Duvido que não queira [neste momento] não fazer nada ...

Todo mundo quer fazer alguma coisa (no breve lapso deste minuto)

 

     E então, o que você gostaria de fazer (mas não faz)?

     Não faz porque não pode ou porque não quer?

     Qual a sua desculpa, então?

     Lembra qu'eu te perguntei antes?

     E pode ter certeza que perguntarei sempre

 

Vontade ... e ... vontades!

Se as vontades “morressem” agora, decerto o mundo também pararia

Ao que tudo retornaria à mudez dos primeiros tempos

(Em que não existia [ainda] ... o próprio tempo)

Ou que a alma de cad’um seria como à dos recém-nascidos:

(Uma folha em branco apenas, ... sem nada)

 

  Cessar todas as vontades ... (no momento presente)?!

  Ah! Seria qual dar um ponto final nos pergaminhos do tempo

  Ou da vida a qu’então, de súbito, se rasgaria nest’hora

  Inimaginável, ... inconcebível, ... um completo absurdo

  Do que também seria um fato inédito (desde que o mundo é mundo)

 

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                 Vontade!

                 Em cada movimento dela ... uma fatal sentença

                 (Irrevogável)

                 Alguém já reparou?

                 E de cada sentença ... um’ação (concebida)

                 Indecisão no que se fazer?

                 Pecado mortal (sem perdão)

 

        Ao que se conclui:

        Em toda escolha ou veredito ... um’ação será feita

        E se julgada foi ou não de seus atos, uma coleta também se fará

        (As inevitáveis consequências)

        Sendo impossível fugir

 

    E destarte, na humana cinesia ... a escrever su’história

    Em que dela fecundada e gerada foi d’um parecer ou d’um arbítrio

    Onde no viver e no confuso universo das humanas relações todos

    ... são às vezes advogados de defesa

    Embora, quase sempre, ... implacáveis promotores

    Da vontade a que sentada está no banco de réus

    E mais ainda d’ação d'ela oriunda

 

Só não podemos cair na tentação de se ter preferências (parcialidades)

Pelo que, caso tenhamos, decerto não haverá justiça,

no final ao se bater o martelo após a leitura da sentença

 

       Julgadores e também julgados de nossos atos

       (Provindos cada qual da vontade)

       Não há quem não seja

 

          E, portanto, o que aqui somos?

          “Seres volitivos”, eis o que todos somos!

 

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  E então, o que você está com vontade de fazer ... agora?

  Pergunto-vos novamente

 

09 de fevereiro de 2025

 

IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR

                   

Paulo da Cruz Gomide
Enviado por Paulo da Cruz Gomide em 09/02/2025
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