O Cínico

Enquanto estava em um shopping em São Luís do Maranhão, parei na praça de alimentação para escrever um pouco enquanto esperava algumas amigas fazerem suas compras. O lugar estava cheio de jovens fazendo vídeos para o TikTok e pessoas almoçando em mesas próximas, mas sem trocar uma palavra. Cada um mergulhado em seus celulares, fuçando redes sociais. Era um contraste tão nítido entre o que estava acontecendo ao meu redor e o que poderia ser uma conexão real.

Enquanto observava, percebi que muitos estavam gastando dinheiro em compras que não faziam sentido, se endividando por coisas que, sinceramente, não valiam a pena. Olhei para uma mesa onde um garoto vendia bombons de chocolate por apenas 5 reais, enquanto as pessoas discutiam o preço absurdo de uma bolsa que custava 3000 reais, que mal cabia um celular. A conversa girava em torno de algo tão pequeno por um valor tão alto, mas ninguém parecia se importar com o garoto que tentava fazer um dinheirinho vendendo doces.

Era impressionante ver a indiferença e a ganância estampadas nos rostos das pessoas. Os pais ignoravam os filhos, que tentavam chamar a atenção, enquanto estavam grudados em seus dispositivos. Eu não pude deixar de pensar sobre como estamos nos afastando do que realmente importa, vivendo em um mundo onde o valor das coisas é medido pelo preço e não pela qualidade das experiências. E, por não estar nas redes sociais, muitas vezes sou julgado por isso. As pessoas não entendem como é possível viver fora desse ciclo de validação e comparação constante.

Enquanto escrevia, a filosofia de Diógenes de Sinope me veio à mente. Ele foi um filósofo grego do século IV a.C. e é conhecido por seu estilo de vida simples e suas críticas afiadas à sociedade. Diógenes acreditava que a verdadeira felicidade vinha da autossuficiência e do desapego material. Ele vivia com o mínimo, muitas vezes em um barril, desprezando bens materiais e se importando mais com a autenticidade do que com as convenções sociais.

Imaginar como Diógenes reagiria à sociedade atual é fascinante. Ele ficaria chocado com o consumismo desenfreado, a futilidade das redes sociais e a indiferença que vemos nas interações humanas. Ele andaria pelo shopping, talvez fazendo uma performance estranha, vendendo "sabedoria" em vez de bombons, enquanto as pessoas ignorariam suas palavras. Diógenes não hesitaria em criticar pais que ignoram seus filhos, questionando por que estavam tão focados em seus celulares em vez de se envolverem uns com os outros.

A filosofia de Diógenes destaca que a verdadeira liberdade e felicidade não vêm de posses ou status, mas de autenticidade e conexão genuína. Enquanto as pessoas ao meu redor continuavam imersas em suas telas, eu me senti grato por estar ali, refletindo sobre a vida e percebendo a beleza da simplicidade. A mensagem de Diógenes estava em meu coração: viver de forma verdadeira, sem se deixar levar pelas aparências. E assim, em meio ao barulho e à correria, encontrei um novo propósito: buscar autenticidade em um mundo cheio de distrações. A vida não precisa ser complicada; podemos encontrar alegria nas pequenas coisas e nas conexões humanas.

Pasia Aventuristo
Enviado por Pasia Aventuristo em 12/01/2025
Código do texto: T8239285
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