VER DE VERDADE
Cegos olhos que não veem senão apenas incertezas e angústias
(quando, é claro, param para ver alguma coisa)
Ou então veem a doce imagem que ilude e mente em seus contornos
E com o tempo vede não mais a alma a sonhar
(O que d'antes em tal grau a inebriava ... e a fazia delirar!)
E assim (e, portanto, depois), "cessaram" de ver
E não enxergam praticamente mais nada
Quem hoje, por acaso, já viu uma flor?
Ou um simples pardal?
E quem algum dia contemplou verdadeiramente a vida?
(E, portanto, a "percebeu"?)
Trombamos com mil pessoas nas ruas, mas fato é que não as vemos
E quem se deparou no espelho e se viu "de verdade"?
Ver de verdade!
Quão poucos o fazem (ou já fizeram)
Do que se faz a diferença ... entre enxergar ... e "realmente ver"
Todavia, às vezes nos ufanamos do que podem ver os olhos d’agora
Pelos instrumentos que o presente tempo a nós agracia
Mas, poderiam, de fato, apresentar o que deveríamos ... ver?
Ah, quem dera se os microscópios pudessem mostrar
na luz de sua lâmina o que realmente há na gota ... d’uma lágrima!
Daquela que para tantos não passa de uma simples secreção somática!
08 de janeiro de 2025
IMAGENS: FOTOS REGISTRADAS POR CELULAR