Tempo
Hoje eu percebi como é estranho que o tempo esteja passando tão rápido. E não acho que ele só esteja passando, ele está fluindo, escorrendo. O que passa, podemos correr atrás, mas um punhado de areia que escorre de uma mão em um deserto se mistura, para nunca mais ser achado.
Achei engraçado ver que um dia que tem mais de um mês, parece que foi poucos dias atrás. E aí eu percebo a quantidade de coisa que aconteceu nesse tempo, todas as conversas, memórias, vidas e amores. Em tão pouco tempo, eu tenho histórias de uma vida, e alegrias que não sei se voltarão. Acho que nesse violento rio que é a vida, difícil é esperar que nada mude.
E às vezes, acho que acabo no significado disso tudo. Acho que isso foi de poesia para desabafo muito rápido, e talvez ache que é sortudo quem consegue viver longe desse pretérito imperfeito, desse eterno sentia, e de que imperfeito não tem nada porque ninguém tem a obrigação de sentir para sempre. Aliás, acho que sentir é mérito, mas deixar de sentir, também é, pois exige uma coragem até maior. Como a física diz, se manter no estado em que está é sempre mais confortável, e sair dessa miragem acaba sendo o maior dos esforços, matar a si mesmo para que amanhã seja um novo dia, acabar com aquele ciclo intragável para poder florescer de novo; permitir-se virar solo para de si florescer uma versão melhor de você. Na verdade não melhor, mas diferente; uma que permita nascer um novo olhar, e que tenha essa liberdade que muitas vezes é difícil de crer. Enfim, acho que escrevi demais, e acabei deixando para trás o foco principal. Mas acho que isso que é a beleza disso, da escrita, encontrar paz mesmo estando mal, se abrigar em si e fazer um refúgio, que nem mesmo o tempo pode te tirar. Aquele mesmo tempo que estranhei, talvez ele não seja meu inimigo, como muitas vezes pensei. Sem ele, memórias não teriam valor, e a dor, não daria forças ao ser superada... e bem, sem ele, eu não teria conhecido a felicidade em viver, e aproveitar cada momento que passar.