Anos difíceis

Meus últimos anos foram bem difíceis, mas sempre tive a esperança de que o seguinte seria melhor. Já não sei se ainda penso assim.

2023 foi um ano muito difícil para mim, em vários aspectos, posso até considerar que foi o pior ano da minha vida, do primeiro ao último dia. Passei por situações que nunca imaginei, me senti sozinha e desamparada em muitos dias, mas também encontrei amor e força de lugares e pessoas inesperadas.

Comecei 2023 lidando com um divórcio, de uma pessoa que esteve na minha vida por 12 anos, eu sabia que o melhor para ambos seria cada um seguir o seu caminho, mesmo que a pessoa não pudesse ver isso naquele momento.

Para quem pensa que é fácil tomar a decisão de ir embora, não é. Não é nada fácil e dá muito medo. Dizem que casar é caro, mas divorciar é bem mais, nem estou falando no sentido financeiro.

Você perde uma parte enorme que esteve na sua vida por anos, perde a família que até então era sua, amigos, a sua própria família. Você perde o que considerava o seu tudo.

Dizem que você só conhece verdadeiramente as pessoas nessas situações. É verdade. Eu conheci muitas pessoas nesse período e me decepcionei demais, mas, também, comecei a me conhecer de verdade, pela primeira vez.

Além da situação do divórcio, meu trabalho também estava infernal, minha vida financeira nunca esteve tão desastrosa, parecia que nada daria certo, mas no final do ano as coisas até que melhoraram no meu trabalho e eu acreditei que finalmente as coisas iriam melhorar.

Nunca me enganei tanto.

O golpe final veio no dia 31/12/2023, perdi a pessoa que mais amei e ainda amo no mundo, minhas vó. Ela era o meu mundo. Lembro até hoje de quando recebi a notícia, a dor que senti e ainda sinto. Do grito desesperado que nem sei da onde saiu. De passar virada do ano, vendo os fogos queimarem, as pessoas comemorarem, enquanto saia do hospital após me despedir dela, já sem vida, sem entender o porque as pessoas estavam tão felizes. Como dói.

Lembro de pensar que aquilo já mostrava como seria o meu 2024. O meu maior medo, desde criança, sempre foi perder a minha vó, ela era a minha maior referência de mãe e amor, de colo, de aconchego, de proteção e eu perdi isso.

Hoje, 23/12/2024, após muitas lutas vivenciadas em 2024, tentando lidar com o luto da minha vó, da Lolet (minha cachorrinha) e da Leticicinha (minha calopsita), posso dizer que esse foi muito difícil. Não foi por falta de tentar torná-lo melhor, não foi por falta de esperança de ter coisas boas.

Tudo perdeu o sentido. Não consigo mais pensar que o ano seguinte será bom, sinto que cheguei no ponto de pensar que a minha vida é essa mesma. Que nasci para sofrer e morrerei sofrendo. Dizem que pensamentos positivos atraem coisas boas, juro que tentei muito colocar isso em prática esse ano, mas não funcionou. Eu só cansei.

Óbvio que também tive bons momentos, mas em disparada, os ruins estiveram mais presentes e, eu olho para o meu futuro, não vejo como sair dessa situação. Trabalho difícil, financeiro difícil, saúde mental difícil (mesmo fazendo acompanhamento há anos, tomando todos os remédios certinho).

Eu estou cansada. Cansada de formas que não consigo nem expressar. Se não fosse pela minha espiritualidade, com certeza eu não estaria mais nem de pé.

Tentando colocar os pensamentos em ordem: 23/12/2024 às 13h44.

Karoliny Mesquita
Enviado por Karoliny Mesquita em 23/12/2024
Código do texto: T8225574
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