Dias de sol e dias nublados.

Hoje vim falar do céu, mas não desse acima de nossas cabeças, mas aquele que existe em nós. Imaginemos que somos o céu, o sol sendo nossas qualidades e as nuvens nossos defeitos, constituindo nossa essência, com dias de céu limpo e sol forte e outros de nuvens carregadas. Já as chuvas seriam as consequências dessa natural oscilação.

Entretanto estamos sempre idealizando um céu perfeito, como nos dias de verão, esquecendo-se que assim as chuvas não cairiam, renovando toda vida na terra, mas e se essa idealização fosse uma realidade? O amor seria perfeito, quem amasse nunca trairia. A inveja não existiria, pois os invejados jamais seriam invejosos. Já a mentira banida e a verdade em qualquer circunstancia aceita, como uma ato de bondade. Será que sobreviveríamos nesses dias de céu tão limpo? Será que se fossemos incapazes de trair, seríamos capazes de desejar e amar? E diríamos verdades sem ofender, se não fossemos capazes de mentir para agradar? Sem a inveja teríamos vontade de progredir e não paralisar? Enfim até o mal pode sim fazer o bem, nos permitindo colher as flores, através das chuvas que caem na medida certa.

Portanto não somos apenas defeitos ou qualidades, somos as duas fases dessa mesma moeda, somos a coexistência do bem e do mal, do sol e das nuvens. E assim tão ambivalentes e imperfeitos, o que nos resta é compreender que somos humanos e capazes de coisas incríveis e terríveis ao mesmo tempo, concluindo que a verdade pode ser tão cruel quanto uma mentira, que quem ama é sim capaz de trair e os invejados também são invejosos, mas lembrar que o sol não deixa de existir quando as nuvens o encobrem e continua a iluminar mesmo em dias cinzas e nublados, assim como nossos defeitos não diminuem o brilho de nossas qualidades e o mal não elimina todo o bem que já foi realizado.