Eu ando pelo mundo?
O rádio tava tocando aquela da Adriana Calcanhotto:
"Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores"
Eu adoro essa letra. E que saudade deu de ver as cores do mundo.
Você já se enclausurou por livre e espontânea vontade? Se a resposta for não... não recomendo, pois não há benefício ou boa razão.
Fiquei tal qual Thoreau, Supertramp...
Ditos como loucos, pra mim vistos como corajosos por querer testar ir contra o tempo que vivem.
A diferença é que desde a pandemia fiquei numa bolha onde meu quarto era meu refúgio, meus livros a janela pro mundo, as músicas tocadas no bom e velho rádio eram as vozes pra fazer companhia e lembrar de como é a vida lá fora...
Mas sabe como é né? Ninguém se isola completamente na sociedade vigente.
Pelo menos não quem anda vivendo conforme a normalidade né? É até possível resolver tudo online, mas eu ainda saía pra comprar algo, porque minha comida é ritual, eu tenho que ir escolher fresco na feira.
Enfim.
Mas a mente enferrujou. Acostumou.
Faz literalmente anos que não sinto o cheiro do mar, faz meses que não sei o que é me banhar num rio, deitar na grama e olhar a copa das árvores. E todo mundo devia ter esse contato essencial com a natureza pelo menos uma vez na semana!
Esse contato relaxa, cura.
Eu quero e vou ver mais todas as cores, sair do remoto controle, parar de ver tudo enquadrado das quatro paredes do meu quarto!
Minha a alma quer explorar mais, e olha, a sua deveria querer também.