A Conquista.
A Conquista.
O que vou expressar aqui é meio fora do pensamento social, mas, dentro do íntimo de cada/alguns seres humanos. Estará aberto a opiniões de cunho profissional ou pessoal. Abraços.
Tenho 50 anos, neste pequeno, porém, distante tempo, tive tudo que quis, cada conquista foi elaborada e projetada em suas devidas épocas, conforme a necessidade, o querer, e, até mesmo quando não esperamos (e chamamos de acaso).
Tive motos, carros, amores secretamente selecionadas, sorri, chorei, abdiquei, e, fui com tanto desejo que muitas vezes deixava a desejar. Fui funcionário no cargo de serviço geral, vendedor, até chegar a designer. Sou pai, filho, sem o espirito santo, aliás, nem mesmo quando criança era um anjo em sua perfeita forma. Com o passar dos anos, dentre tantas conquistas de alto valores, coisas que aos olhos alheios seriam motivo de alegria, de um sentimento tão sublime, que, é impossível traduzir em letras.
Era 1999, nesta época, muitos conhecidos falavam com boca cheia em ter ser canto, eu, neste mesmo período, tinha acabado de receber a chave da minha casa. Uma casa de 3/4, situada no bairro da Boa Viagem/BA, pintei a mesma com um azul claro e detalhes em branco, na sala uma TV, um som, um rack onde colocava meu PS1, meu acervo musical entre CD e disco de grandes interpretes da nossa musica e os internacionalmente lembrados até o dia de hoje, um sofa, uma mesa de centro onde repousava grandes literaturas do século. Adentrando mais um pouco, um corredor que dava acesso aos quartos, o banheiro e a área de serviço. No primeiro quarto com um vão de 5x3mts foi feita minha biblioteca com estantes aérea por todo ambiente, cada estante era cuidadosamente organizada por nome do autor, catalogada, e, arrumada conforme o seu tamanho. No centro uma mesa redonda, nela, continha um Notebook, um bloco para anotação e acessórios de escritórios. Saindo da biblioteca, o próximo quarto era da provável filha caso venha a ser pai um dia, arrumado com apenas uma cama de solteiro (em 2006 veio luana). Saindo deste quarto, vinha o meu. Este era o mais amplo, com direito a um banheiro só meu, um guarda roupa, uma TV na parede, dois criados mudos com seus respectivos abajures para ler antes de dormir. Não era nenhuma mansão, mas, era uma conquista relevante, parecia uma casa dos sonhos, de pessoas felizes, no entanto, ai vem a merda.
Minha esposa estava radiante, cuidávamos juntos, pois, como disse antes, minhas companheiras eram cuidadosamente selecionadas, por esse motivo não admitia uma pessoa que não tivesse os mesmos, ou, pelo ao menos, o mesmo pensar e agir. Aos olhos de quem vira de fora, éramos realizados, não posso falar por ela, mas, eu achava tudo um vazio. Por mais que tentasse encontrar um motivo plausível para perpetuar a conquista, não a via como tal. Hoje sentado na minha sala, escrevendo neste bloco de notas, ainda sinto-me como antes, vazio, sem graça nenhuma, a casa esta praticamente igual, apenas com pequenas alterações, eu e a mulher resolvemos seguir caminhos diferentes, minha filha hoje existe e tem 18, aumentei meus acervos, troquei alguns móveis, e, mesmo com tantas mudanças, onde esta meu gozo. O que me faria realizado como humano, sem a falsa interpretação que vejo em tantos ao meu redor, por que nenhuma conquista é vista como devida? Até neste momento final, tendo em vista outra conquista, com o olhar marejado, sorrindo tristemente, pergunto-me:
- Qual é o real significado da palavra conquista e seus sentimentos?..
È meus amigos, por mais que conquiste, sinto que nada adquiri... Abraços.
Texto: A Conquista.
Autor: Osvaldo Rocha Jr.
Data: 07/12/2024 às 18:25